Para responder a pergunta: Qual a importância da família na formação da criança? Gostaria de começar falando sobre a família mais esplêndida que conheço. Deus é trindade de Amor, com papéis e vínculos próprios, como uma família.
Quando Este se propôs criar a humanidade, quis colocar esta dimensão de relacionamento tão maravilhoso, vivido no seio de sua realidade então criou o homem e a mulher - “Façamos o homem à nossa imagem, segundo à vossa semelhança... Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus Ele o criou; criou-os macho e fêmea”. (Gn 1, 26a-27). Uma vez prontos, Deus olhou para ambos e para tudo o quanto viria à partir deles, contemplou, se alegrou e exclamou: “é muito bom!” (Gn 1, 31).
Com a entrada do pecado no seio da humanidade houve um tamanho desequilíbrio, levando o homem a perder sua identidade de semelhança com Deus.
O Pai Criador se compadeceu, o Filho se apresentou para ser a comunicação do Amor deste elo único de ligação entre o Criador e a criatura. Coube ao Espírito Santo vasculhar a humanidade diligentemente para encontrar uma mulher que estivesse à altura de ser a mãe do Filho Unigênito de Deus e um homem digno o suficiente para estar no lugar do Pai e “educar” o Filho do amor; um homem a quem, sem receio Jesus pudesse chamar de “pai”.
Olhou então, Deus, para Maria e José, os uniu e, de novo, pode exclamar: “é muito bom! é neste lar que quero que o meu Filho nasça e cresça e nele abençoarei toda a humanidade”. E assim foi feito.
O lar de Maria e José, o mais simples e pobre, mas o mais sadio de todos os tempos, a ponto de dar como fruto do amor o Salvador dos homens, o Homem mais lindo, mais terno, mais apaixonadamente e plenamente feliz e realizado – o homem segundo o plano do Deus criador.
No Evangelho segundo São Lucas 2, 52 diz que “o menino crescia em estatura, em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens”. O que significa tal palavra? Significa que seus pais lhe proporcionam o crescimento físico, zelando pela saúde do seu corpo. Crescer em sabedoria é desenvolver-se como pessoa, formando sua personalidade na relação com seus pais, desenvolvendo sua inteligência, seu raciocínio, o crescimento das coisas. E finalmente, crescer em graça é ter acesso à dimensão ontológica do seu ser – o sentido da sua existência, sua vocação, sua identidade, como homem, de ser imagem e semelhança do Pai.
é na família, portanto, que Jesus alcança o pleno desenvolvimento como pessoa humana, tanto diante de Deus, segundo o seu plano, como diante dos homens, na sua vida natural, atraindo a afeição destes.
Jesus entra na história por um processo sobrenatural, na sua fecundação, mas muito natural no seu desenvolvimento humano, para mostrar a todos que o lar é o lugar ideal e abençoado por Deus para o homem nascer, crescer, alcançar a plena realização e ser feliz.
“O Papel da família de Nazaré é o mesmo de todas as famílias, mesmo as do nosso tempo”. A família é dotada de condição suficientes para gerar e formar homens e mulheres sadios e felizes, pois nela, à partir das relações que se criam, é preparado o homem e a mulher.
O relacionamento com os pais na primeira infância, de modo especial, vai dar à criança a segurança necessária para que descubra suas potencialidades e também aprenda a superar suas limitações.
A criança deve aprender, no seio da família, a relacionar-se com as outras pessoas, com seu Deus Criador e além disso a respeitar e zelar pela natureza.
A família deve ser a forjadora de costumes e atividades de compreensão, perdão, solidariedade, respeito, honestidade, partilha, união, verdade, motivação, caminho, educação, fortaleza, tolerância, dignidade, incentivo, cooperação, amor, enfim tudo o que engrandece o homem. é no contato diário com os pais e os irmãos que a criança adquire tais coisas.
A família é a grande geradora do homem segundo o plano do Criador, ou não. Quando há um desequilíbrio qualquer nas relações familiares as crianças são diretamente atingidas e prejudicadas, pois sentem em sua própria carne os efeitos de tais situações. Estes acabam por se refletirem em sua saúde física, emocional e moral.
Pai e mãe devem ser modelos, exemplos e até os “heróis” para seus filhos, para que estes possam aprender o que é a vida e valorizarem cada momento vivido.
Hoje a família encontra-se em crise, distorcendo suas relações com pais que não assumem sua posição de autoridade, de cabeça da família, de providência na manutenção da casa, mães que querem ou “precisam” assumir o papel de pai, perdendo aquele vínculo mais doce e suave da feminilidade que encanta a família e dá aconchego aos filhos.
Pais em crise, filhos perdidos, sem ter onde se apoiar para conhecer e desenvolver sua identidade sexual, moral e humana.
Hoje temos observado como tantos pais desavisados têm cedido seu papel de educadores e legando a outros e a qualquer um tal tarefa, e o que é pior, muitas vezes delega tal função a programas de televisão que, na maioria das vezes, por interesses além do que imaginamos, levam às crianças valores diametralmente opostos aos que se desejaria.
Semeando nos coraçõezinhos dos pequenos a rivalidade, vingança, trapaça, mentira, o erotismo, egoísmo, a ganância, idolatria, insegurança, o terror, a angústia, o ódio e até mesmo a “apostasia” – negação a necessidade de Deus.
Como fruto deste descuido dos pais acabamos tendo uma sociedade geradora de doenças.
é preciso que os pais acordem para esta realidade, redescubram e assumam seus papéis, sem medo. Busquem em Deus a fonte de suas atitudes, olhando para o lar de Nazaré e aprendendo com Maria e José a educar seus filhos para serem fortes e enfrentarem quaisquer dificuldades, até mesmo o martírio se preciso for e livres para assumirem vida nova de homens e mulheres ressuscitados.
Os pais devem ter em mente que não são colaboradores de Deus apenas na transmissão da vida natural para seus filhos, mas também e principalmente de vida sobrenatural que surge a partir da morte do homem velho envolvido em relação e tramas doentias e, do nascimento do homem novo, ressurrecto na força e no poder do Espírito Santo.
Pois se nascemos, nascemos para Cristo e se morremos é para Ele que morremos (Rom. 14,8), para n’Ele obtermos a vida eterna, garantia da realização total e recuperação da nossa identidade da imagem e semelhança com Deus –Trindade e família de Amor.
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