No mistério iniciado há bilhões de anos, concebe-se a Terra como um dos nove planetas do sistema solar, que tem forma esférica e que está envolta por uma camada gasosa, a atmosfera que, por sua vez, é constituída, sobretudo de oxigênio e nitrogênio e, ainda, que sua crosta compõe-se de silicatos de alumínio e magnésio, ferro e níquel em fusão, granito e basalto.
Este mesmo planeta também é o responsável pela narrativa que caracteriza o pensamento hebreu em um dos mais belos livros - o Gênesis – detentor de uma beleza única e portador de uma das mais belas mensagens dirigida aos homens, em cuja manifestação de pensamento - o hebraico – se encontra explicações, tanto para o campo espiritual quanto para o material, da origem de tudo que existe.
Este livro, como uma chave, abre-nos portas e mostra-nos caminhos, de forma ética e religiosa, bem como as verdades racionais sobre o Ente infinito que se fez por si próprio – Deus – permitindo o surgimento de uma nova visão teológica e, conseqüentemente, uma nova forma de se pensar Deus: a Teo-visão, ou seja: pensar para enxergar o Deus Único e Verdadeiro, proclamado, em toda a história, pelos hebreus – o povo escolhido, a nação santa da Antigüidade que se manteve fiel – única depositária da Lei do Antigo Testamento.
Todo saber tem seu mistério. O saber teológico, mais que qualquer outro, é envolto por véu misterioso, por tratar-se, em última análise, da busca do conhecimento a respeito de Deus. Para mergulhar na riqueza do pensamento teológico é preciso, antes de tudo, ouvir: “Tira as sandálias de teus pés, porque este lugar em que estás é uma terra santa”. Toda a terra é santa. Depois, como perceber que isso soa aos ouvidos daquele que deseja mergulhar nos estudos sobre a teologia? Somente numa atitude e postura de reverência, àquele que não tem nome, é que se pode almejar penetrar no mundo da teologia. Não se ousa dizer que ela é uma ciência como tantas outras mas, sim, em afirmar que ela é mais do que qualquer ciência.
De certo modo quem estuda a Bíblia, ou quem a pretende ler pela primeira vez, se depara com o relato da presença e da ação de Deus em nosso meio, ao longo dos séculos, a nosso favor: o Pai que nunca abandona seus filhos; um Pai que intervém na história e age através de seus escolhidos: inspira profetas, reis e mensageiros - o Pai-Criador que dá a vida pela sua criação e todas as criaturas; o Pai-Criador que se tornou o humano revelado no homem Jesus, com o propósito de divinizar a sua criatura.
Deste modo, então, quando se estuda o Pentateuco, percebe-se no Gênsesis, as origens do povo; no Êxodo, a instituição do reino teocrático; no Levítico, a organização litúrgica do culto; em Números, a organização comunal da nação teocrática, em torno da Arca e do Tabernáculo; e, no Deuteronômio, o espírito de amor que deverá animar os cidadãos do reino.
Saindo do Pentateuco, em seguida, entra-se no livro de Josué onde se pode tomar conhecimento da história da conquista das novas nações na Terra Prometida da Palestina. Entretanto, no livro dos Juízes, depara-se com os israelitas lutando com as nações circunvizinhas para conservar a posse da pátria recém-conquistada. Nos livros de Samuel, depara-se com Saul, o primeiro rei dos israelitas e vive-se a experiência do jovem Davi que se tornou homem, segundo o coração de Deus – cujo reinado consolida os israelitas na posse da Palestina. Davi: o menino que tornar-se-ía, para as gerações futuras, a encarnação do rei ideal que haveria de vir.
Prosseguindo nos estudos, ou na leitura dos livros sagrados, a partir do capítulo três do livro 1º dos Reis, pode-se estudar sobre o reinado de Salomão e a posterior divisão de seu reino: do Norte, denominado Israel e, do Sul, denominado Judá. Neste livro encontra-se, ainda, em sua maior parte, temas sobre reis e profetas, e a destruição no ano de 722 a. C., ante a invasão Assírica. Em 2º Reis pode-se ver o final da história do reino dividido: a história dos últimos reis e a queda do Reino de Judá diante dos Babilônios, em 587 a. C. Sabiamente poder-se-á investigar os dois livros das Crônicas – também denominados Paralipomenon -, e neles perceber-se-á que tratam exclusivamente de Davi e do Reino de Judá, e que, ainda, possibilita-se estudar a história do Reino do Sul, desde os seus primórdios até sua fase derradeira.
Ainda sobre a história narrada no livro das Crônicas, pode-se conhecer também no reino de Acaz , de 735-715, a coleção de sermões do grande profeta judeu Isaías e de seu contemporâneo Miquéias. E, ao se continuar a história do Reino do Sul, até o século sétimo, chega-se à época de Jeremias, entre 650 a 582, de cujos sermões pode-se estudar, ou ler, as coleções resumidas das pregações de Sofonias, Naum, Habacuc e Abdias.
À época do cativeiro da Babilônia, 587 a 539, não se tem fontes históricas do gênero do Pentateuco, dos livros de Samuel ou dos livros dos Reis. Tem, sim, as coleções dos escritos de Ezequiel e do Dêutero-Isaías, que foram denominados como os dois grandes profetas do exílio que, através de suas pregações, buscaram consolar os judeus cativos e os prepararam para a volta a Judá, quando nos planos de Deus chegasse o fim do exílio.
O que aconteceu quando acabou o exílio? Os judeus retornam à Palestina. Essa resposta poderá ser confirmada quando se estuda cuidadosamente os livros de Esdras-Neemias. Analisando-os podem-se encontrar ainda, informações que avalizam suas respostas, nas coleções dos sermões colhidos nas pregações de Ageu, Zacarias, Malaquias e Joel. E, daí, poder-se-á concluir que é nesta época que o livro do Pentateuco recebeu sua forma atual, por isso, neste ponto dever-se-ía estudá-lo, com acuidade, quantas vezes sejam necessárias, para a compreensão dos estudos, ou leitura, a que se propõe aquele que busca a verdade. Procedendo dessa forma, notar-se-á as diversas tradições que, ao longo do séculos, se fundiram para formar o Pentateuco tal como temos em nossa Bíblia atual.
No entanto, ao final do livro de Neemias, se se busca estudá-lo com muita atenção, perceber-se-á um hiato histórico que ocorre, aproximadamente, de 400 a 175 a. C. Porém, perceber-se-á essa lacuna se se buscar investigá-la com esmero. Fato que estimula o estudante, ou leitor, a aprofundar-se em livros como, por exemplo, os de Jó, Jonas, Provérbios, Tobias, Ester, Judite, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Eclesiástico e algumas partes de Daniel., em cujo período citado, ou, talvez, já um pouco antes, foram compostos ou receberam sua forma definitiva. Neste caso, sugere-se, para efeito de pesquisas, que as pesquisas desses livros sejam realizadas somente após o estudo das formas literárias que, nessa época, eram usadas em Israel.
Até aqui, se pretende crer que, caso haja algum detalhe obscuro nas sombras da memória, esse poderá ser dissipado ao se dar continuidade ao estudo, ou leitura, especialmente nos dois livros de Macabeus, Daniel, Judite e Sabedoria. Enfim, nos escritos dos últimos séculos antes de Cristo. Com eles, termina-se a análise do Antigo Testamento, cujo percurso teve origem no livro de Gênesis - o livro da Criação-, onde está escrito:
“ No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Faça-se a luz, e houve luz”.
Quando se deu o princípio? Quem o sabe? Conhece-se a origem, a fonte de tudo que existe. Conjeturou-se sobre a Lei do caráter geral que rege um conjunto de fenômenos verificados pela exatidão de suas conseqüências e que no caos estava a confusão geral dos elementos e da matéria, antes da criação do universo.
Assim, no princípio era o caos e, nesse princípio caracterizou-se a origem e, esta, tornou-se a fonte desordenada de tudo o que existe. Princípio e caos se complementam fundindo-se e, desta fusão, o universo se construiu e se constrói, se refaz e se reestrutura continuamente.
Eis, a explicitação do pensamento hebreu que se ocupa das narrativas e histórias, narrados nos princípios bíblicos, através dos quais se buscam explicações espirituais para o início de tudo, onde se abre caminhos, de forma ética e religiosa, para as várias explicações racionais sobre o Ente infinito que se fez por si próprio e fez todas as coisas. Insisto em dizer, há apenas uma resposta para quaisquer que sejam os questionamentos: Deus. Cedo ou tarde, qualquer uma de suas criaturas haverão de concebê-LO.
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