No sábado que antecede a Páscoa, os fiéis (Igreja Católica Ortodoxa) se reúnem aglomerados na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Muitos itinerários de peregrinação à Terra Santa por ocasião da Páscoa, anunciam que, nesse dia, «o fogo desce do céu e acende as lamparinas da Igreja.»
«O milagre do Fogo Sagrado» acontece em todos os anos, na mesma hora e do mesmo modo e é muito conhecido pelos cristãos da comunidade ortodoxa. Não se conhece nenhum outro milagre que ocorra por tempo tão prolongado.
«O milagre do Fogo Sagrado» acontece em todos os anos, na mesma hora e do mesmo modo e é muito conhecido pelos cristãos da comunidade ortodoxa. Não se conhece nenhum outro milagre que ocorra por tempo tão prolongado.
Os primeiros documentos que se referem a este milagre remontam ao século VIII d.C.
São conhecidos diversos testemunhos do milagre através dos séculos como o descrito pelo abade russo Daniel em seu itinerário de 1167: "O Milagre da Santa Luz e as cerimônias que o cercam". Descreve a cerimônia com muitos detalhes. Relata o Patriarca entrando na Capela do Santo Sepulcro com duas velas e ajoelhando-se diante da pedra sobre a qual Cristo foi recostado depois da sua morte e ali recita algumas orações. Em seguida o milagre acontece:
Uma Luz sai do coração da pedra, uma luz azul, indefinível, que depois de certo tempo acende as lamparinas de azeite fechadas e as duas velas do Patriarca. Esta luz é «O Fogo Sagrado» e se difunde por todas as pessoas que estão presentes na Igreja.
A partir do século IV d.C., sem interrupção, até os nossos dias, numerosos documentos mencionam o admirável prodígio. O milagre acontece a cada ano no Sábado da Páscoa ortodoxa e é celebrado conjuntamente por todas as comunidades ortodoxas.
Desde que aconteceu o cisma entre ocidente e oriente no ano de 1054 os «Dois pulmões do corpo de Cristo,» como chama o Papa João Paulo II, os Ortodoxos e Católicos vivem existências separadas, mas nos dois primeiros séculos posteriores ao cisma não foi assim no Santo Sepulcro.
O poder da cerimônia era tão grande que apesar da ruptura (cisma), católicos e ortodoxos reuniam-se para celebrá-la. Após o ano de 1246 quando os católicos deixaram Jerusalém com a frustrada Cruzada, o Milagre do Fogo Sagrado se transformou numa cerimônia privativa dos ortodoxos que permaneceram em Jerusalém mesmo depois da ocupação palestina pelos turcos.
O Metropolita Timóteo, do Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém, representante do Patriarca na celebração ecumênica de abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro em Roma, disse que o poder ecumênico e unificador do Fogo Sagrado é excepcional.
Pode-se perguntar porque o milagre do Fogo Sagrado é quase desconhecido no Ocidente. Embora muitos tenham até interesse em milagres, este milagre não é conhecido? Por que? Como o milagre do fogo santo ocorre na Páscoa Ortodoxa, cuja data segue o antigo calendário Juliano, e somente acontece na Igreja do Santo Sepulcro (e somente nesta data e nesta celebração, que é presidida pelo Patriarca Ortodoxo de Jerusalém), e como, ainda, há diferença na data da Páscoa Latina, celebrada segundo o Calendário Gregoriano, os ocidentais pouco (ou nenhum) contato ou conhecimento têm deste milagre.
Niels Cristian Hvist,
Teólogo,Accademia di Danimarca,
Via Omero 18 - I-00197 Roma.
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