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sábado, 15 de setembro de 2012

A VIRGINDADE PERPÉTUA DA VIRGEM MARIA, VERDADE DA NOSSA FÉ CATÒLICA






A Igreja católica iluminada pelo Espírito Santo, Espírito da verdade foi aos poucos aprofundando os mistérios presentes na vida e na pessoa da Virgem Maria, uma destas verdades essências da sua pessoa é a verdade sobre a virgindade perpétua de Maria, criatura humana criada perfeita por Deus, desde o primeiro instante de sua existência (Imaculada Conceição), viveu sempre a Virgem de Nazaré de modo puro, casto, virginal. A verdade da virgindade de Maria até séculos mais recentes não foi contestada, mas desde o início a Igreja deixou claro como verdade que deve ser acolhida, amada, acreditada, o foto de que Maria não só concebeu Jesus de modo virginal, mas também que ela não teve outros filhos, permanecendo virgem antes, na hora e depois do parto. Muitos testemunhos antigos de Padres da Igreja, Papas e Concílios expressam tal verdade.
 
O movimento de fé, que difundiu o titulo de Maria, Mãe de Deus (Theotokos), que começou desde o século IV e se concretizou oficialmente no Concílio de Éfeso de 431, levou igualmente a considerar de modo novo a Virgindade de Maria. Até agora se acentuava muito a concepção virginal de Jesus em Maria. Deste momento em diante a virgindade da mãe de Jesus vem reconhecida como aquela da mãe de Deus, entendida como uma consagração absoluta da Mãe ao seu filho Jesus e a sua missão de salvação do mundo, Maria em sua relação integral com seu Filho, relação de total doação ao mistério de Jesus exclui outra relação intima com José. A maternidade divina e virginal de Maria dá portanto origem a uma estima “absoluta” da sua virgindade como virgindade perpétua, sinal de sua fidelidade a seu Filho. Maria, Mãe virgem de Deus, é rapidamente chamada Mãe “sempre Virgem”, expressão clássica na liturgia e nos concílios. Se encontra já no Símbolo (Credo) de Salamina no fim do século IV (374) o texto virá  abaixo, mas sobretudo se clarifica a verdade sobre a Mãe de Deus sempre Virgem no Concílio de Constantinopla II (02. 06. 553), 5° Concílio ecumênico, que afirma: «Se alguém não confessar que há dois nascimentos do Verbo de Deus: um do Pai antes de todos os séculos, fora do tempo e incorpóreo, outro, nos últimos tempos (cf. Hb 1, 2), quando Ele desceu dos céus e Se encarnou na santa e gloriosa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, e dela nasceu, seja anátema».
 
«Maria, humaníssima e humildíssima Mãe do Senhor, é a Sempre Virgem, assim afirma o venerável, solene e inalterável magistério da Igreja Ortodoxa e da Igreja Católica; ensinamento que “constitui para a mariologia a máxima garantia teológica [...] Maria além disto dita ‘santa’, ‘gloriosa’ e sobretudo aeipárthenos ou ‘sempre virgem’.O retomar da parte do Concílio de Constantinopla II em 553, quinto ecumênico – deste último título de muito tempo adquirido, corresponde a uma verdadeira definição dogmática da perfeita virgindade” da Theotokos Maria de Nazaré. Para este grande mistério de maternidade e virgindade não existe e não pode existir alguma justificação racional, se não a só “loucura do amor” que resulta a ser a certidão de nascimento, o passaporte para ser associado à vida dos divinos Três» (cf. Salvatore Perrella, Maria vergine e madre. La verginità feconda di maria tra fede, storia e teologia, San Paolo, Milano 2003, 270).
 
Tal verdade declarada pela Igreja, quando esta estava perfeitamente unida respirando com seus dois pulmões (Oriente e Ocidente) significa, de uma parte, que Maria permaneceu sempre Virgem por toda a sua vida e não teve outros filhos e , de outra parte, que permaneceu Virgem no momento do nascimento de Jesus.
 
No Sínodo Lateranense de 31.10.649 sob o Papa Martinho I, explicita esta verdade que entra de uma vez por todos no ensinamento magisterial da Igreja Católica e que se acolhe como verdade de fé. Não se trata, é claro, de um concílio ecumênico, mas é significativo o fato de que a confissão na virgindade perpétua de Maria no parto, é condição importante para a comunhão com a sé romana, junto com outras verdades definidas.
 
Assim declara o Sínodo Lateranense de 649: «Se alguém não professar segundo os Santos Padres em sentido próprio e verdadeiramente que o mesmo Deus Verbo, um da Trindade Santa e consubstancial e veneranda, desceu dos céus, se encarnou pelo Espírito Santo e de Maria, a sempre Virgem toda santa, tornou-se homem foi crucificado na carne por nós … ressurgiu ao terceiro dia… seja condenado (...) Se alguém não confessar, em sentido verdadeiro e próprio, segundo os Santos Padres, que a santa, sempre Virgem e imaculada Maria é Mãe de Deus [Dei genitricem], porque, nos últimos tempos, ela concebeu sem sêmen masculino, por obra do Espírito Santo [ex Spiritu Sancto], de modo milagroso mas real, o próprio Deus-Verbo, nascido do Pai antes de todos os séculos, e [O] gerou sem perder a virgindade, permanecendo íntegra a sua virgindade também depois do parto seja anátema [condemnatus sit].
 
A Igreja sempre guiada do Espírito de Cristo que agiu em profundidade e intensidade na vida da Virgem Maria, deixando-se guiar por este mestre da verdade sempre acreditou na Virgindade Perpétua de Maria e essa verdade defendeu-a sobretudo para salientar a Divindade de Jesus Cristo, defendendo tal verdade com energia e amor. Maria Virgem antes, na hora e depois do parto. Vejamos outros textos que explicitam a fé da Igreja na presente na Tradição.
 
Símbolo de Santo Epifânio de Salamina (374), é a primeira vez que aparece o expressão «sempre Virgem»: «Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus ... que por nós homens, e para nossa salvação desceu e Se encarnou, isto é, foi perfeitamente gerado da Bem-Aventurada sempre Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, e Se fez homem, sto é, assumiu a natureza humana completa, alma e corpo e inteligência, e tudo quanto o homem é, exceto o pecado; sem originar-Se de sêmen de varão, ou em homem».
 
São Leão Magno, Tomus Leonis (13.06.449): «Jesus foi concebido por obra do Espírito Santo no seio da Mãe Virgem, que O deu à luz sem perder a virgindade, como, sem perder a virgindade, O havia concebido».
 
Paulo IV 7.8.1555 Constituição Cum quorumdam hominum: «Já que chegou a tal ponto a malícia e iniqüidade de alguns em nossos dias que, entre os que se desviam e abandonam a fé católica, muitos são os que se atrevem a não só professar  as diversas heresias, mas também a negar os fundamentos da própria fé, e, com o exemplo, arrastar muito à perdição de suas almas: Nós – movidos pela caridade e por Nosso dever pastoral e, desejando afastar tais homens de tão grave e pernicioso erro […] aqueles que dizem que Ele não foi concebido, segundo a carne, no seio da Bem-Aventurada Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, mas do sêmen de José, à semelhança dos outros homens; ou que o mesmo Senhor e Deus nosso, Jesus Cristo, não padeceu a morte dolorosìssima na cruz [...] ou que a mesma Bem-Aventurada Virgem Maria não é verdadeira Mãe de Deus, nem permaneceu sempre na íntegra virgindade, isto é, antes do parto, no parto e perpetuamente depois do  parto – Nós com autoridade Apostólica que vem de Deus Onipotente, Pai, Filho e  Espírito Santo, pedimos e admoestamos (...).
 
Bem terminando esta breve exposição sobre a virgindade perpétua de Maria repito as mesmas palavras profundas do Padre, Servo de Maria, Aristide Serra, professor de Mariologia Bíblica na Faculdade Marianum de Roma, citação esta que se encontra no Dicionário de Mariologia (Paulus). Assim o autor afirma com grande profundidade e clareza espiritual, doutrinal e teológica: «Por que Maria não portou em seu seio outro filho, além de Jesus Cristo? Certamente não foi porque a geração tenha algo de impuro, mas, sim, porque ela acolheu no ventre aquele Filho: o Filho que, sendo Deus, era o éschaton, a Perfeição, o Absoluto. Tornando-se morada viva do Verbo encarnado, na verdade Maria (usando as palavras de Fìlon) não sabia mais a que se dirigir, depois de haver tocado o ponto máximo da perfeição. Como as jarras de Caná, o ventre de Maria,com a encarnação ficou cheio “até a borda” (cf. Jo 2, 7). Prescindindo da metáfora: se a comunhão com Deus é o objetivo supremo da criação e da aliança (cf. Jo 17, 21-24). Podia a Virgem desejar algo “mais”, algo “melhor”, algo “depois” em outros filhos? Certamente não! Em virtude da maternidade divina, realmente ela ficou tão repleta de Deus no corpo e no espírito, que a sua existência atingiu a sua finalidade suprema, Jesus correspondeu plenamente às suas expectativas de criatura. Aquele Filho (a sua pessoa, a sua obra, o serviço a ele prestado na fé) era Tudo para Maria, como o Pai era tudo para Jesus» (A. Serra, «Virgem» in Dicionário de Mariologia, Paulus, São Paulo 1995, 1328).
 
Que a Trindade Santa nos ilumine para que a cada dia possamos também amar a Virgem Maria, filha predileta do Pai, Mãe virginal do Deus Filho e Sacrário vivo e imaculado do Espírito Santo. E que amemos a Santíssima Virgem Maria com a intensidade própria da criatura humana, como Jesus de Nazaré, seu filho justo e santo a amou.
 
Além da Virgindade Perpétua de Maria a Igreja professa a verdade de que Maria é a Mãe do Verbo encarnado (Theotokos) – Concilio de Éfeso 431:
A Concepção Imaculada da Virgem Maria (Constituição apostólica Innefabilis Deus) beato Pio IX de 8.12.1854, no ano 2004 a Igreja celebrou os 150° desta definição dogmática;
 
A Assunção da Santíssima Virgem Maria em corpo e alma aos céus, verdade de fé declarada pelo Papa Pio XII com a Constituição apostólica Munificentissimus Deus, em 1 de novembro de 1950;
 
E a verdade de fé de Maria Mãe da Igreja com Paulo VI no discurso de conclusão do terceiro período do Concilio e a promulgação da Lumen gentium (21.11.1964): “A glória portanto da Virgem e a nosso conforto, nós proclamamos Maria Santíssima ‘Mãe da Igreja’, isto é de todo o povo de Deus, tanto dos fiéis como dos Pastores, que a chamam Mãe amorosíssima; e queremos que com tal título suavíssimo de agora em diante a Virgem venha ainda mais honrada e invocada por todo o povo cristão”.
 
 
Pe. Adilton Pinto Lopes, Arquidiocese de São Salvador da Bahia, doutorando em Teologia Dogmática (Mariologia) – Universidade Gregoriana – Roma.
 
 

Tudo para a glória de Deus Uno e Trino e da Bem-Aventurada, toda pura e Sempre Virgem, Maria, Theotokos e Panaghia (Toda-Santa).

 
 
Para aprofundar:
Dicionário de Mariologia da Paulus; Catecismo da Igreja Católica;
Justo Collantes, A Fé Católica. Documentos do Magistério da Igreja. Das origens aos nossos dias. Tradução de Paulo Rodrigues, Diocese de Anápolis e Mosteiro de São Bento (Rio de Janeiro), 2003. Pedidos às Edições Lumen Christi. Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro 0++21- 2291-7122 Ramal 283. Email: lumenchristi@bol.com.br
 
 

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