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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Creio na ressurreição da carne



Claras as passagens bíblicas que falam da ressurreição dos mortos, sobretudo no Novo Testamento. Antes, porém, do ensinamento de Cristo e dos Apóstolos, lemos, no Livro dos Macabeus, como grande era a fé nesta verdade. Com efeito, a Bíblia registra as palavras do segundo dos sete irmãos Macabeus ao ser martirizado: 



"Tu, ó malvado, faze-nos perder a vida presente; mas (Deus) o rei do universo nos ressuscitará para a vida eterna, depois de sermos mortos em defesa das suas leis" (2 Mac 12,43).

No mesmo livro lemos como Judas Macabeu enviou uma coleta para Jerusalém para que fosse oferecido um sacrifício pelos mortos na batalha
"sentindo bem e religiosamente a ressurreição" (2 Mac 12,43).

Aos saduceus, que não acreditavam na ressurreição dos mortos, assim falou Jesus:
"... não tendes lido no livro de Moisés, como Deus lhe falou sobre a sarça, dizendo : "Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaac, e o Deus de Jacó"? Ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Logo, vós estais num grande erro" (Mc 12,26-27)
A Marta, que pranteava a morte de Lázaro, Cristo assim se expressou:
"Teu irmão há de ressuscitar".
Disse-lhe Marta:

"Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição no último dia".
Jesus isto ratificou, afirmando:
"Eu sou a ressurreição e a vida" (Jo 14, 23-25).

 São Paulo escreveu:
"O Senhor mesmo com voz de comando e com toque de trombeta de Deus, descerá do Céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1 Tes 4,16 [...] "... como é que alguns entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos" (1 Cor 15,12).
 Num de seus sermões Santo Agostinho doutrinava:
"Ressurgirá esta carne, aquela mesma que morreu, que foi sepultada".

O mártir Santo Inácio proclamou:
 
"Além de professarmos a imortalidade da alma, cremos também na futura ressurreição dos corpos".

Como se dará a ressurreição, o Apóstolo desceu a detalhes:
"Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se (o corpo) corruptível, ressuscitará incorruptível. Semeia-se na ignomínia, ressuscitará glorioso; semeia-se inerte, ressuscitará robusto; é semeado um corpo animal, ressuscitará um corpo espiritual" (1 Cor 15, 42-44).
Segundo Santo Tomás de Aquino, o corpo dos Bem-aventurados terá como propriedades específicas a impassibilidade, pois nunca mais sofrerão; o fulgor, resultante da imensa felicidade do eleito; a agilidade, pois não será mais um peso para a alma; a subtileza, dado que será um corpo espiritual.

O mesmo, segundo o Doutor Angélico, não se dará com os corpos dos condenados que estarão no inferno por toda a eternidade. Ninguém sabe quando se dará a ressurreição final, "mas somente o Pai"(Mt 24,36). A Filosofia não tem como comprovar a ressurreição dos corpos, embora possa provar a imortalidade da alma. Entretanto, a razão humana demonstra a conveniência da ressurreição, dado que o corpo humano ajudou a alma a merecer a recompensa do céu ou a levou àquele lugar onde há "choro e ranger e dentes"(Mt 22,13). É lógico que a ressurreição se dará por força da onipotência divina e a ressurreição de Jesus é dela a causa exemplar, pois o nosso corpo será semelhante ao seu corpo glorioso (Fl 3,21).
Este artigo do Credo dá ânimo ao cristão para permanecer, constantemente, na prática do bem, pois,
"não há proporção alguma entre as tribulações deste mundo e a glória que, um dia se revelará em nós" (Rm 8,18).
 O bom cristão não tem que temer a morte, pois, se ele nasceu para morrer, morrerá para viver eternamente na felicidade do céu. Isto, é lógico, se o fiel foi bom, praticante dos mandamentos divinos, persistente seguidor de Jesus. Sua alma imortal estará à espera da parusia, ou seja, do momento da volta gloriosa do Filho de Deus, no final dos tempos, para estar presente ao Juízo Final, quando se dará a ressurreição . Eis por que uma das graças a serem sempre pedidas a Deus é a da perseverança no bem, conservando cada batizado, sempre, a graça santificante que é a semente da glória eterna, o traje indispensável para o banquete da Casa do Pai.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

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