Maria é uma jovem de Nazaré. Humilde, sua única aspiração é ser fiel ao seu Deus. Com todo o povo de Israel, ela espera o Messias prometido.
A esta jovem o anjo Gabriel fala: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1,28). Esta saudação expressa um significado profundo de eleição de Deus: Maria é escolhida de Deus. A saudação do anjo faz ressoar em seu coração a profecia de Sofonias: “Alegra-te, filha de Sião... O rei de Israel é Senhor no teu meio” (Sf 3,14.15 — cf. Zc 3,14)). A garantia da presença do Senhor confirma a predileção divina e é motivo de alegria e esperança de uma ação generosa de Deus.
Diante da perplexidade de Maria, o anjo continua: “... darás à luz um filho e o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo...” ((Lc 1,31). A mente de Maria perpassa toda a história de Israel: A promessa de Deus a Abraão, a libertação da escravidão no Egito, passando pelo Rei Davi, pelas profecias, lembrando a ação de Deus em favor do seu povo e a promessa do Deus conosco, o Senhor que vem salvar. Dá-se conta de que ela está sendo envolvida diretamente com a chegada do Rei Messias, que o anjo lhe afirma ser Filho do Deus Altíssimo.
Mas como se fará isso, se ela é tão pequena, que nem tem marido?
Maria coloca a sua pobreza radical, inclusive a sua virgindade, em disponibilidade plena à ação do poder criador e salvador de Deus. Como que explicando, o anjo confirma: “O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra. Por isso, o Santo que nascer será chamado Filho de Deus”. A presença do Espírito Santo evoca a potência de Deus, a força criadora de Deus, a sua misteriosa presença na história de Israel, em especial nos lugares sagrados, como no templo de Jerusalém. Este poder de Deus agora se faz eminentemente presente em Maria.
Quanta maravilha para o coração humilde da jovem de Nazaré!
Como que para acalmar o susto de Maria, que não absorvera ainda o significado de tamanha missão, o anjo lhe informa: “Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice... Para Deus, com efeito, nada é impossível” (Lc 1,36-37).
A este Deus que tudo pode, Maria se dispõe a servir, fazendo de si uma entrega total: “Eis aqui a serva... faça-se...” (cf. Lc 1,38).
Cheia de alegria pela notícia de que Deus começava a cumprir a promessa de salvar o seu povo, Maria corre a servir a prima, grávida de seis meses.
À saudação de Maria, Isabel responde, exclamando: “Bendita és tu entre as mulheres... Donde me vem que a Mãe do meu Senhor me visite...?” (Lc 1,42-43). Maria, parece, vai tomando consciência do grande acontecimento: Deus estava enviando seu Filho ao mundo e ela era a mulher escolhida para que este mistério se realizasse: O filho que ela gestava é o Filho de Deus, o Senhor. Dando-se conta da grandiosidade da obra de Deus nela, pobre e humilde menina, “Maria, então, disse: A minha alma engrandece o Senhor...” (Lc. 1,46)
Ela tem consciência de não ser por seus méritos que é a escolhida, mas por graça especial reservada àquela que vai realizar uma missão única, preanunciada pelos profetas. A ação de Deus em favor do seu povo é manifestação da bondade misericordiosa do poder de Deus, para quem “nada é impossível”. Por isso ela canta: “... Sim, doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim. Santo é o seu Nome” (Lc 1,48-49). Ela reconhece que o Senhor, o Santo - como Santo é o filho que ela traz no útero (Lc 1,35) — é o Poderoso, pois somente Deus tem poder de realizar nela a encarnação do seu Filho, o Verbo eterno.
Ela então lembra os motivos do seu Magnificat: A vitória da misericórdia de Deus, conforme promessa feita a Abraão. Maria exalta o Deus Poderoso, em contraposição aos poderosos da terra, os quais buscam o poder pela força e dominação. Deus é o Poderoso, em contraposição ao poder do Diabo, porque este é mau e só deseja a morte eterna do homem. O poder de Deus que vencerá esses “poderosos”, que vencerá a morte, é o poder da bondade e da misericórdia, poder que realiza a salvação dos pobres e pecadores humildes. Somente Deus pode realizar a salvação, por isso Maria canta “o Poderoso fez em mim maravilhas”.(...)
Nas versões musicadas aparecem letras diferentes. Mas tanto quem diz “O Poderoso...” como quem canta “O Senhor fez em mim maravilhas” deseja expressar a ação maravilhosa e misericordiosa do poder de Deus em Maria e na Igreja.
Exultemos e alegremo-nos, porque Deus é Todo-Poderoso para nos amar (a nós que o ofendemos!) e nos dar a salvação, pela encarnação, paixão e morte e ressurreição de Jesus Cristo - Deus filho de Maria.
Graciete e Avelino Gambim








Nenhum comentário:
Postar um comentário