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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Falta-te Uma Coisa



“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.” (Marc 10.21)

Questão

Ter­e­mos de vender tudo quanto temos para poder servir o Sen­hor convenientemente?


Con­texto bíblico

Quando o Senhor Jesus aconselhou aquele jovem a vender tudo quanto possuía estava-se reportando a uma referência no Velho Testamento que men­ciona a justiça de Deus da seguinte maneira: “Pois o Sen­hor vosso Deus, é o Deus dos deuses, e o Sen­hor dos sen­hores, o Deus grande, poderoso e ter­rível, que não faz acepção de pes­soas, nem recebe sub­or­nos; que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa.” (Deut 10.17-1).

Os judeus ali­men­tavam a ideia de que a sua riqueza era o sinal com­pro­v­a­tivo de serem pro­te­gi­dos e abençoa­dos por Deus. Essa filosofia gerou neles uma ati­tude de desprezo pelos pobres, visto que se Deus os desprezava, eles o pode­riam fazer igual­mente. Leiamos o que escreveu Tiago acerca desta prática nefanda dos ricos: “Ouvi, meus ama­dos irmãos. Não escol­heu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prom­e­teu aos que o amam? Mas vós des­on­rastes o pobre. Por­ven­tura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arras­tam aos tri­bunais? Não blas­fe­mam eles o bom nome pelo qual sois chama­dos? Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a escrit­ura: Amarás ao teu próx­imo como a ti mesmo, fazeis bem. Mas se fazeis acepção de pes­soas come­teis pecado, sendo por isso con­de­na­dos pela lei como trans­gres­sores. (Tiag 2.5–9).

Por causa da sua errónea filosofia, era cor­rente os judeus ricos prej­u­di­carem os mais pobres com salários baixos e out­ras explo­rações con­trárias à lei de Deus. Tiago denun­cia esta prática vil do seu tempo deste modo: “E agora, vós ricos, chorai e pran­teai, por causa das des­graças que vos sobre­virão. As vos­sas riquezas estão apo­dreci­das, e as vos­sas vestes estão roí­das pela traça. O vosso ouro e a vossa prata estão enfer­ru­ja­dos; e a sua fer­rugem dará teste­munho con­tra vós, e devo­rará as vos­sas carnes como fogo. Ente­sourastes para os últi­mos dias. Eis que o salário que fraud­u­len­ta­mente retivestes aos tra­bal­hadores que cei­faram os vos­sos cam­pos clama, e os clam­ores dos ceifeiros têm chegado aos ouvi­dos do Sen­hor dos exérci­tos. Deli­ciosa­mente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cev­astes os vos­sos corações no dia da matança.” (Tiag 5.1–5).

Há mil anos antes, já o salmista havia denun­ci­ado esta prática per­versa ao dirigir-se aos líderes, como rep­re­sen­tantes de Deus, desta maneira: “Até quando jul­gar­eis injus­ta­mente e tereis respeito às pes­soas dos ímpios? Fazei justiça ao pobre e ao órfão; pro­cedei rec­ta­mente com o aflito e o desam­parado. Livrai o pobre e o neces­si­tado, livrai-os das mãos dos ímpios.” (Sal 82.2–4).

E Isaías pro­cede igual­mente quando profetiza acerca do estado de Israel e os con­vida ao arrependi­mento e a praticar a justiça: “Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a mal­dade dos vos­sos actos; ces­sai de fazer o mal; apren­dei a fazer o bem; bus­cai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva.” (Isa 1.16-17). E acusa a sua lid­er­ança de ser rebelde e ladroagem: “Os teus príncipes são rebeldes e com­pan­heiros de ladrões; cada um deles ama as peitas e anda atrás de pre­sentes; não fazem justiça ao órfão e não chega per­ante eles a causa da viúva;” (v. 23). para pri­varem da justiça os neces­si­ta­dos, e arrebatarem o dire­ito aos afli­tos do meu povo; para despo­jarem as viú­vas e roubarem os órfãos!” (Isa 10.2).

Ao mesmo tempo pro­fe­tiza da vinda do Mes­sias, temente a Deus e prat­i­cante da justiça: “E deleitar-se-á no temor do Sen­hor; e não jul­gará segundo a vista dos seus olhos, nem decidirá segundo o ouvir dos seus ouvi­dos; mas jul­gará com justiça os pobres, e decidirá com equidade em defesa dos man­sos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos seus lom­bos, e a fidel­i­dade o cinto dos seus rins.” (Isa11.4,5).

Quando Jesus ini­ciou o Seu min­istério entrou na sin­a­goga da sua terra e foi chamado para a leitura; então leu isto na pro­fe­cia de Isaías: “O Espírito do Sen­hor está sobre mim porquanto me ungiu para anun­ciar boas novas ao pobres; enviou-me para procla­mar lib­er­tação aos cativos e restau­ração da vista aos cegos, para pôr em liber­dade os oprim­i­dos.” (Lc 4:18).

Então ensi­nava deste modo os seus ouvintes fariseus: “Mas quando deres um ban­quete, con­vida os pobres, os alei­ja­dos, os man­cos e os cegos; e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te ret­ribuir; pois ret­ribuído te será na ressur­reição dos jus­tos.” (Luc 14.13,14). Observe­mos a seguir o primeiro rico a tomar uma ati­tude cor­recta: “Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Sen­hor: Eis aqui, Sen­hor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defrau­dado alguém, eu lho resti­tuo qua­dru­pli­cado.” (Luc 19:8).

A Bíblia relata que os cristãos seguiram esta prática durante muito tempo, não pelo sim­ples facto de vender o que tin­ham, mas porque que­riam aju­dar os neces­si­ta­dos, órfãos e viú­vas abun­dantes naquela época. “E ven­diam suas pro­priedades e bens e os repar­tiam por todos, segundo a neces­si­dade de cada um.” (At 2:45). “Pois não havia entre eles neces­si­tado algum; porque todos os que pos­suíam ter­ras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que ven­diam e o deposi­tavam aos pés dos após­to­los” (At 4:34).

Todavia, Paulo esclarece que, o sim­ples fato de dis­tribuir pelos pobres não tem galardão de Deus, mas que a ação deve ser acom­pan­hada pelo amor: “E ainda que dis­tribuísse todos os meus bens para sus­tento dos pobres, e ainda que entre­gasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” (1 Co 13:3). Paulo atesta que Barn­abé e ele foram envi­a­dos pela igreja em mis­são evan­gelís­tica: “recomendando-nos somente que nos lem­brásse­mos dos pobres; o que tam­bém pro­curei fazer com diligên­cia.” (Gal 2-10).


Con­clusão

Não há neces­si­dade de vender tudo para servir a Deus. Porém, o sim­ples facto duma pes­soa estar ape­gada aos bens mate­ri­ais causa imped­i­mento ao serviço efi­ciente e altruísta. A ganân­cia pelo lucro não deixa margem para o serviço desin­ter­es­sado. Pois onde estiver o nosso tesouro aí estará o nosso coração.


Constantino Ferreira

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