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quinta-feira, 28 de março de 2013

Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo


                                                                           The Last Supper Andrea del Sarto 1520-25 Florence


Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje nós não vamos apresentar o Santo do dia porque a Igreja celebra nesta Quinta-feira a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo./

Celebrada na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trindade, a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) é uma profissão de fé na presença real de Jesus Cristo no mistério da Eucaristia./

A origem desta festa está no movimento eucarístico da Idade Média, lá pelo século XII, que realçava a presença de Cristo nas espécies consagradas./ Foi o Papa Urbano IV que autorizou esta festa para toda a Igreja no ano 1264./

Não devemos esquecer que a instituição da Eucaristia é recordada de modo especial na Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, quando Jesus ceou com os seus discípulos e lhes entregou o sacramento de seu Corpo e Sangue, para ser celebrado na Igreja em sua memória./ Portanto a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, é uma proposta para os fiéis a prestar culto ao Sacramento da Eucaristia, a presença de Cristo no sacramento da Eucaristia./

O Evangelho de Lucas nos revela outros aspectos do significado que Jesus atribui à Eucaristia./ Jesus acolhe a multidão num lugar deserto./ Naquele tempo os escravos não sentavam para comer./ Jesus pede que todos se assentem, posição de homens livres; toma o pão (supõe-se pães grandes, que é preciso partir), olha para o céu e abençoa./ Olhar para o céu é sinal de petição, mas também de confiança; abençoar é transmitir fecundidade./ Portanto, Eucaristia ou "partir o pão" significa, para aqueles que participa, sinal de vida, de fecundidade, de fraternidade, de compromisso consigo mesmo e com os irmãos./

Portanto, não devemos olhar para o gesto de Jesus com olhar míope, como se tudo estivesse reduzido a partir o pão e a saciar a fome./ Jesus revela muito mais, que também as nossas celebrações devem contemplar: a acolhida fraterna (em contraste com a atitude dos Doze que queriam mandar o povo embora, para que cada um se virasse sozinho!/ Uma posição individualista./ Todo gesto de Jesus é um hino à vida; é uma ação efetiva para devolver à humanidade sua integridade, sua saúde, sua salvação./

Lembremos também que Jesus, por isso, continua presente não apenas no pão consagrado, mas na sua Palavra, nos gestos da Igreja que curam (como os sacramentos), na oração de louvor e ação de graças, na comunidade que pratica a partilha fraterna./

Podemos ver que no Evangelho, Jesus de deparou com o problema da fome, e nós continuamos também nos deparando com esse terrível problema social./ O mundo resolveu tantos problemas, mas o da fome ainda não./ Isto significa que não partilhamos./ 

A celebração de hoje deve gerar em nós compromisso de vida e de solidariedade para com os irmãos e irmãs que passam fome./ Eis o apelo que a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo nos pede./

A procissão de hoje nos leva a sentir através da Eucaristia, que não estamos abandonados em nossa caminhada neste mundo tão cheia de perigos e contradições, mas que o Senhor eucarístico está dentro de nós na comunhão da Igreja a caminho com Ele rumo à pátria definitiva./

Que o mistério da Eucaristia nos leve a saciar a fome de tantos irmãos e irmãs./ Que a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, nos leve a uma preparação mais intensa ao Congresso Nacional Eucarístico que será realizado em Campinas.


A CELEBRAÇÃO

Fazer com atenção e carinho os Ritos Iniciais, porque a assembléia constitui como CORPO VIVO do Senhor, isto é, assembléia eucarística.

Seria interessante que, neste dia, toda a liturgia, ou pelo menos a parte eucarística, seja cantada: partes do presidente e resposta da assembléia. A cor litúrgica é o branco. Pode ser também a cor dourada ou a cor prateada.
A celebração de ajudar a assembléia a assumir gestos concretos de partilha.

Ligar o Evangelho e toda a liturgia da Palavra com a liturgia eucarística.

Fazer a procissão solene com o Evangeliário – o Pão da Palavra - do altar para a mesa da Palavra com velas acesas. 
Onde for possível, celebrar com pão ázimo, ou uma hóstia maior e mais sólida, lembrando o pão-alimento, como nos propõe o Missal Romano (cf. IGMR nº 283).

Valorizar nos momentos da celebração, a participação das crianças, jovens e adultos que celebraram sua primeira Eucaristia neste ano, ou mais recentemente.

Pode-se fazer a Oração eucarística I, com o Prefácio Próprio da Solenidade de hoje.

Fazer a oração Pai-nosso e o abraço da paz, evidenciando seu sentido de comunhão.

Destacar bem o gesto de “partir o pão”, acompanhado com o canto do Cordeiro de Deus. Que toda a assembléia perceba e acompanhe este gesto. Muitas vezes a movimentação exagerada no abraço da paz ofusca este gesto tão significativo.

Jamais e nunca fazer a procissão com o Santíssimo antes da Celebração Eucarística.

O Ritual Romano – A Sagrada Comunhão e o Culto Eucarístico fora da Missa dos números 101 a 108, nos dá a seguinte orientação: “Convém que a procissão com o Santíssimo Sacramento se realize após a Missa na qual se consagrará a hóstia a ser levada na procissão.”

Não que se trata de uma questão de proibição, mas de uma teologia interna que deve ser respeitada.

Primeiro que neste dia não se trata de um culto eucarístico fora da Missa. Segundo porque a adoração do Santíssimo na Quinta-feira Santa, a exposição e procissão com o Santíssimo neste dia e em outros dias na comunidade, dependem da Celebração Eucarística. Portanto, devemos valorizar primeiro a Ceia do Senhor e depois valorizarmos também os momentos de adoração do Santíssimo Sacramento. A própria Igreja diz que o povo cristão dá testemunho público de fé e piedade para com o Santíssimo Sacramento nas procissões em que a eucaristia é levada pelas ruas em rito solene com canto. 

Os cantos deverão contribuir para que todos manifestem sua fé em Cristo, atentos somente ao Senhor. Durante a procissão, devemos cantar cantos que utilizamos durante a comunhão nas celebrações. Devemos evitar cantos intimistas, individualistas tais como: “Eu quero, eu sinto, ti olhar, ti tocar, eu vou, eu ti amo meu Jesus” etc. Optar por cantos que fale da comunhão do Senhor com a Igreja.

No final da procissão se dará a bênção com o Santíssimo Sacramento na igreja ou outro lugar mais apropriado; em seguida, se repõe o Santíssimo Sacramento.

Pe. Benedito Mazeti

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