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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A IGNORÂNCIA





Se a preguiça é a mãe de todos os vícios, a ignorância é a mãe de todas as incompreensões e de muitas desordens que tornam as nossas sociedades insatisfeitas e agressivas.

Fazemos tantas coisas por tradição, por costume que ficamos incrédulos quando nos elucidam sobre o significado ou sobre a estupidez de determinadas tradições e costumes.

Quantos de nós tomamos consciência do significado do Natal? Damos prendas porque é Natal, comemos certas coisas porque é Natal, vemos as ruas das nossas cidades iluminadas duma maneira especial porque é Natal. E o que é o Natal? Vem o Carnaval, vem a Páscoa e sucede a mesma coisa. Folguedos, desfiles, danças, música e nada do que é excessivo parece mal. Porquê?

Vêm depois as tradições que dizem respeito à nossa vida individual: o batismo das crianças, o casamento pela Igreja e até os funerais religiosos  Revoltamo-nos se o padre recusa o batismo porque as pessoas só o fazem por tradição. Revoltamo-nos se o padre só realiza o casamento com certas condições e até nos revoltamos se o padre não quer fazer o enterro religioso porque acha que o não deve fazer.

E as obrigações que temos como cidadãos? Quantas vezes nos subme­temos a elas porque a isso somos obrigados e não porque saibamos a ra­zão de ser dessas obrigações. Depois revoltamo-nos porque somos mal atendidos nos serviços públicos, porque a Justiça é lenta e tardia, porque os funcionários estão a fazer um frete quando nos atendem.

A nossa ignorância chega ao cúmulo de julgar que só temos direitos e não obrigações. E quando alguém chama a atenção para a nossa ignorân­cia e nos quer informar sobre qualquer costume, tradição ou obrigação, a nossa resposta, normalmente é:"quero lá saber!". Ao querermos saber e estar informados sobre tudo o que falei, ficamos confusos ou incrédulos.

0 Natal, por exemplo, só tem significado para os Cristãos conscientes da sua fé.0 nascimento de Cristo tem um sentido universal só que é no íntimo da cada Cristão consciente que esse sentido se transforma em vida. É que o nascimento histórico de Cristo só se realizou uma vez e mesmo assim não na data em que o comemoramos. Portanto a sua cele­bração só é autêntica quando é expressão da nossa fé.

Carnaval e Páscoa só têm sentido se forem compreendidos por uma fé esclarecida.0 carnaval porque é uma concessão ao paganismo do Império Romano e a Páscoa porque é a festa das festas, a única que celebramos todos os domingos, o fundamento da nossa fé. Se não compreendermos isto, os batizados e os casamentos não passam de acontecimentos sociais onde as pessoas se encontram porque ignoramos o sentido profundo desses dois sacramentos.

As obrigações sociais, os nossos deveres para com o Estado têm de ser compreendidos por nós e ensinados nas escolas. Se o não forem teremos uma sociedade de revoltados, de maldizentes, de descrentes.

Para erradicar a ignorância são precisas as escolas, os livros, pais e professores que tenham como lema instruir, educar, tornando-nos homens livres porque conscientes das nossas obrigações e dos nossos direitos.

0 saber e a cultura são a mola real do nosso desenvolvimento e do nosso bem-estar. Onde há ignorância não pode haver verdadeira felicidade.

Carlos A. Borges Simão

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