Porque os apóstolos mentiriam? [ ... ] se eles mentiram, qual foi sua motivação, o que eles obtiveram com isso? O que eles ganharam com tudo isso foi incompreensão, rejeição, perseguição, tortura e martírio. Que bela lista de prêmios!
PETER KREEFT
As dez principais razões pelas quais
sabemos que os autores do Novo Testamento disseram a verdade
Analisamos fortes evidências
que comprovam que os principais documentos do NT foram escritos por testemunhas
oculares e seus contemporâneos num período de 15 a 40 anos depois da morte de
Jesus. Adicione a isso a confirmação de fontes não-cristãs e da arqueologia, e
ficamos sabendo, ainda que passível de dúvida, que o NT está baseado num fato
histórico. Mas como sabemos que os autores não exageraram ou embelezaram aquilo
que dizem que viram? Existem pelo menos dez razões pelas quais podemos confiar
que os autores do NT não foram displicentes com os fatos.
1. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO INCLUÍRAM
DETALHES EMBARAÇOSOS SOBRE SI MESMOS
Uma das maneiras por meio das
quais os historiadores podem dizer se um autor está dizendo a verdade é testar o
que diz pelo "princípio do embaraço" (v. capo 9, teste histórico
número 7). Esse princípio parte da premissa de que qualquer detalhe embaraçoso
do autor é provavelmente verdadeiro. Por quê? Porque a tendência da maioria dos
autores é deixar de fora qualquer coisa que prejudique sua aparência.
De que maneira o NT
comporta-se diante do princípio do embaraço? Vamos pensar nisso da seguinte
maneira: se você e seus amigos estivessem forjando uma história que você
quisesse que fosse vista como verdadeira, vocês se mostrariam como covardes,
tolos e apáticos, pessoas que foram advertidas e que duvidaram? É claro que não. Mas é exatamente isso o que encontramos
no NT. As pessoas que escreveram a maior parte do NT são personagens (ou amigo
de personagens) na história e freqüentemente se mostram como completos idiotas:
- Eles são tolos — por diversas vezes, não entenderam o que Jesus estava dizendo (Mc 9.32; Lc 18.34; Jo 12.16).
- Eles são apáticos — caíram no sono duas vezes quando Jesus lhes pediu que orassem (Mc 14.32-41). Mais tarde, os autores do NT acreditam que Jesus é homem-Deus, contudo admitem que caíram no sono duas vezes diante dele em sua hora de maior necessidade! Além disso, não fazem nenhum esforço para dar a seu amigo um sepultamento adequado, mas registram que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia, um membro do Sinédrio — a própria corte que havia sentenciado Jesus à morte.
- Eles foram advertidos — Pedro é chamado de "Satanás" por Jesus (Mc 8.33), e Paulo repreende Pedro por estar errado numa questão teológica. Paulo escreve: "Quando, porém, Pedro veio a Antioquia, enfrentei-o face a face, por sua atitude condenável" (GI2.11); tenha em mente que Pedro é um dos pilares da igreja primitiva, e, aqui, Paulo está incluindo nas Escrituras que ele estava errado!
- Eles são covardes — todos os discípulos, com exceção de um, escondem-se quando Jesus vai para a cruz. Pedro até mesmo o nega três vezes depois de prometer explicitamente " ... eu nunca te abandonarei!" (Mt 26.33-35). Nesse meio tempo, enquanto os outros homens estavam escondendo-se com medo dos judeus, mulheres corajosas levantam-se a favor de Jesus e são as primeiras a descobrir o túmulo vazio.
- Eles duvidam.— apesar de terem sido informados diversas vezes de que Jesus ressuscitaria dos mortos ao terceiro dia 2.18-22; 3.14-18; Mt 12.39-41; 17.9, 22,23), os discípulos têm dúvidas quando ouvem sobre sua ressurreição. Alguns duvidam até mesmo depois de tê-lo visto já ressuscitado (Mt 28.17)!
Agora, pense nisto: se você
fosse um autor do NT, incluiria esses detalhes embaraçosos se estivesse
inventando uma história? Escreveria que um dos seus principais líderes foi
chamado de "Satanás" por Jesus, negou o Senhor três vezes,
escondeu-se durante a crucificação e, mais tarde, foi repreendido numa questão
teológica? Mostraria seus companheiros, incluindo você, como pessoas sem
sentimentos, covardes estabanados e, ao mesmo tempo, mostraria mulheres — cujo
testemunho não era nem sequer admitido numa corte — como corajosas que se
levantaram a favor de Jesus e que, mais tarde, descobriram o túmulo vazio? Você
admitiria que alguns de vocês (os 11 discípulos restantes) duvidaram do próprio
Filho de Deus depois de ele ter provado a todos que ressuscitara dos
mortos? É claro que não.
O que você acha que os autores
do NT teriam feito se estivessem inventando uma história? Você sabe muito bem:
teriam deixado de lado a sua inaptidão, sua covardia, a repreensão que
receberam, as três negações e seus problemas teológicos, mostrando-se como
cristãos ousados que se colocaram a favor de Jesus diante de tudo e que, de
maneira confiante, marcharam até a tumba na manhã de domingo, bem diante dos
guardas romanos, para encontrarem o Jesus ressurreto que os esperava para
salvá-los por sua grande fé! Os homens que escreveram o NT também diriam que eles
é que contaram às mulheres sobre o Jesus ressurreto, que eram as
únicas que estavam escondendo-se por medo dos judeus. E, naturalmente, se a
história fosse uma invenção, nenhum discípulo, em momento algum, teria sido
retratado como alguém que duvida (especialmente depois de Jesus ter
ressuscitado).
Em resumo, não temos fé
suficiente para acreditar que os autores do Novo Testamento incluíram todos
esses detalhes embaraçosos numa história inventada. A melhor explicação é que eles estavam realmente dizendo
a verdade — com defeitos e tudo o mais.
2. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO INCLUÍRAM
DETALHES EMBARAÇOSOS E DIZERES DIFÍCEIS DE JESUS
Os autores do NT também são
honestos sobre Jesus. Eles não apenas registram detalhes de uma auto-incriminação
sobre si mesmos, mas também registram detalhes embaraçosos sobre seu líder,
Jesus, que parecem colocá-lo numa situação bastante ruim. Jesus:
· foi considerado "fora de si" por sua mãe e seus irmãos (sua
própria família),
que vieram buscá-lo
com o objetivo de levá-lo para casa (Mc 3.21,31);
· foi desacreditado por seus próprios irmãos (Jo 7.5);
· é visto como enganador (Jo 7.12);
· é abandonado por muitos de seus seguidores (Jo 6.66);
· desfez dos "judeus que haviam crido nele" (Jo 8.30,31), a ponto
destes quererem apedrejá-lo (v. 59);
· é chamado de "beberrão" (Mt 11.19);
· é chamado de "endemoninhado" (Mc 3.22; Jo 7.20; 8.48);
· é chamado de louco (]o 10.20);
· tem seus pés enxugados pelos cabelos de uma prostituta (fato que tinha o
potencial de ser visto como uma provocação sexual — Lc 7.36-39);
·
é crucificado pelos judeus e pelos romanos, apesar do fato de
"qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de
Deus" (Dt 21.23; cf. GI3.13).
Essa certamente não é uma
lista de fatos e qualidades que os autores do NT escolheriam se estivessem
tentando retratar Jesus como o homem-Deus perfeito e sem pecado. Essas
qualidades também não são compatíveis com a expectativa judaica de que o
Messias viria para libertá-los da opressão política. De fato, de acordo com a
própria Bíblia de seu tempo (o AT), Jesus foi amaldiçoado por Deus por ter sido
pendurado num madeiro! A melhor explicação para esses detalhes embaraçosos é
que eles realmente aconteceram e que os autores do NT estão dizendo a verdade.
Além dos detalhes embaraçosos,
existem vários dizeres difíceis atribuídos a Jesus que os autores do NT não
teriam incluído se estivessem inventando uma história sobre o fato de Jesus ser
Deus. De acordo com o NT, por exemplo, Jesus declara:
- o Pai é maior do que eu" (Jo 14.28);
· parece predizer incorretamente que voltará à terra dentro de uma geração
(Mt 24.34);
· diz em relação à sua segunda vinda que ninguém sabe a hora, "nem os
anjos dos céus, nem o Filho" (Mt 24.36);
·
parece negar sua divindade ao perguntar ao jovem rico
"Por que você me chama bom? [ ... ]. Não há ninguém que seja bom, a não
ser somente Deus" (Lc 18.19);
·
é visto amaldiçoando uma figueira por não ter figos quando
não era época de figos (Mt 21.18s);
· parece incapaz de realizar milagres em sua cidade natal, exceto curar
algumas pessoas doentes (Mc 6.5).
Se os autores do NT queriam
provar a todos que Jesus era Deus, então por que não eliminaram esses dizeres
complicados que parecem argumentar contra a sua deidade?
Além do mais, Jesus faz aquilo
que parece ser uma afirmação completamente mórbida: "Eu lhes digo a
verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu
sangue, não terão vida em si mesmos" (Jo 6.53). Depois dessa frase difícil, João diz: "Daquela
hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de
segui-lo" (Jo 6.66). Uma vez que os autores do NT certamente não
inventariam essa frase estranha e essa reação desfavorável, ela deve ser
autêntica.
Embora existam explicações
razoáveis para essas frases difíceis, I não faz sentido
que os autores do Novo Testamento pudessem deixá-las no texto se estivessem
tentando passar uma mentira como se fosse verdade (de fato, não faz sentido que
eles inventassem uma personagem que até mesmo parecesse com Jesus. Um Messias
fraco e moribundo — um Cordeiro sacrificial — é a própria antítese de um herói
feito pelos homens). Mais uma vez, a melhor explicação é que os autores do NT
não estavam sendo irresponsáveis ou insinceros com os fatos, mas que foram
extremamente precisos ao registrar exatamente aquilo que Jesus disse e fez.
3. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO INCLUÍRAM
AS EXIGÊNCIAS DE JESUS
Se os autores do NT estavam
inventando uma história, certamente não inventaram uma história que tenha
tornado a vida mais fácil para eles. Esse Jesus tinha alguns padrões bastante
exigentes. O Sermão do Monte, por exemplo, não parece ser uma invenção humana:
· "Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la,
já cometeu adultério com ela no seu coração" (Mt 5.28).
·
"Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de
sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera, e
quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério" (Mt.
5.32).
·
"Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o
ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser
processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o
forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas. Dê a quem lhe pede, e não
volte as costas àquele que deseja pedir-lhe algo emprestado" (Mt 5.39-42).
·
"Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por
aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que
está nos céus" (Mt 5.44,45).
· "Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês" (Mt
5.48).
·
"Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça
e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para
vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões
não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o
seu coração" (Mt 6.19-21).
·
"Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da
mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também
será usada para medir vocês" (Mt 7.1,2).
Todos esses mandamentos são
difíceis ou impossíveis de serem cumpridos pelos seres humanos e parecem ir na
direção contrária dos melhores interesses dos homens que os escreveram.
Certamente são contrários aos desejos de muitos hoje que desejam uma religião
de espiritualidade sem exigências morais. Considere as extremas e indesejáveis
implicações desses mandamentos:
· Se pensar em um pecado é um ato pecaminoso, então todo mundo incluindo os
autores do NT — é culpado.
·
Estabelecer padrões rígidos como esses para divórcio e novo
casamento não parece estar de acordo com os interesses terrenos dos homens que
registraram essa frase.
·
Não resistir aos insultos de uma pessoa má é resistir aos
nossos instintos humanos básicos. Isso também estabelece um inconveniente
padrão de comportamento para os apóstolos que estavam sofrendo perseguição
quando essa frase foi escrita.
· Orar por nossos inimigos vai além de qualquer ética jamais pronunciada e
exige bondade onde a animosidade é natural.
· Não acumular riqueza contradiz os mais profundos desejos da nossa
segurança temporal.
· Ser 'perfeito é um pedido inatingível para seres humanos falíveis.
· Não julgar, a não ser que nossa vida esteja em perfeita ordem, contradiz
nossa tendência natural de apontar as falhas dos outros.
Está claro que esses
mandamentos não são os mandamentos que pessoas impõem a si mesmas. Quem pode
viver de acordo com esses padrões? Somente uma pessoa perfeita. Talvez o
objetivo seja exatamente esse.
4. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO FIZERAM UMA
CLARA DISTINÇÃO ENTRE AS PALAVRAS DE JESUS E AS DELES
Embora não existissem aspas ou
travessão para identificar uma citação no grego do século I, os autores do NT distinguiram as palavras de Jesus de
maneira bastante clara. A maioria das edições da Bíblia que trazem letras em
vermelho são idênticas, ilustrando quão facilmente os autores do NT mostraram
aquilo que Jesus dissera e o que ele não dissera.
Por que citamos isso como uma
evidência de sua fidedignidade? Porque teria sido muito fácil para os autores
do NT resolverem as disputas teológicas do século I colocando palavras na boca de Jesus. Além do mais, se
você estivesse inventando a "história do cristianismo" e tentando
fazê-lo passar por verdade, não simplesmente inventaria mais citações de Jesus
para convencer as pessoas teimosas a verem as coisas do seu modo? Pense em quão
conveniente teria sido para eles terminar todo debate ou controvérsia em torno
de questões como circuncisão, obediência à Lei Mosaica, falar em línguas, mulheres
na igreja e assim por diante simplesmente inventando citações de Jesus!
Apesar da infindável
frustração de alguns dos primeiros cristãos, os autores do NT nunca fazem isso. Em vez de cometer abusos de
autoridade dessa maneira, os autores neotestamentários parecem manter-se fiéis
àquilo que Jesus disse e não disse. Paulo, o homem que escreveu praticamente
metade dos livros do NT (pelo menos 13 dos 27), lidou com a maioria desses
problemas controversos da igreja e nunca abusou de sua autoridade. Ele cita
Jesus apenas algumas vezes e em nenhuma dessas ocasiões abandona sua maneira de
fazer uma distinção explícita de suas próprias palavras das de Jesus (lCo
7.10-12).
Por que Paulo seria tão
cuidadoso se não estivesse dizendo a verdade? Mais uma vez, a melhor explicação
para a precisão dos autores do NT é que realmente estavam dizendo a verdade.
5. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO INCLUÍRAM
FATOS RELACIONADOS À RESSURREIÇÃO DE JESUS QUE ELES NÃO
PODERIAM TER INVENTADO
Além da inclusão de detalhes
embaraçosos em relação a si mesmos e a Jesus, os autores do NT registram fatos
relacionados à ressurreição de Jesus que eles não teriam inserido se tivessem
inventado a história. Dentre eles, destacamos os seguintes:
O sepultamento de Jesus. Os
autores do NT registram que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia, um
membro do Sinédrio — o conselho do governo judaico que sentenciou Jesus à morte
por blasfêmia. Esse não é um fato que poderiam ter inventado. Considerando a
amargura que certos cristãos guardavam no coração contra as autoridades
judaicas, por que eles colocariam um membro do Sinédrio de maneira tão
positiva? E por que colocariam Jesus na sepultura de uma autoridade judaica? Se
José não sepultou Jesus, a história teria sido facilmente exposta como fraudulenta
pelos inimigos judaicos do cristianismo. Mas os judeus nunca negaram a
história, e jamais se encontrou uma história alternativa para o sepultamento de
Jesus.
As primeiras testemunhas.
Todos os quatro evangelhos dizem que as mulheres foram as primeiras testemunhas
do túmulo vazio e as primeiras a saberem da ressurreição. Uma dessas mulheres
era Maria Madalena, que Lucas admite ter sido uma mulher possuída por demônios
(Lc 8.2). Isso jamais teria sido inserido numa história inventada. Uma pessoa
possessa por demônios já seria uma testemunha questionável, mas as mulheres em
geral não eram sequer consideradas testemunhas confiáveis naquela cultura do
século I. O fato é que o testemunho de uma mulher não tinha peso num tribunal.
Desse modo, se você estivesse inventando uma história da ressurreição de Jesus
no século I,
evitaria o testemunho de mulheres e
faria homens — os corajosos — serem os primeiros a descobrir o túmulo vazio e o
Jesus ressurreto. Citar o testemunho de mulheres especialmente de mulheres
possuídas por demônios — seria um golpe fatal à sua tentativa de fazer uma
mentira ser vista como verdade.
A conversão dos sacerdotes.
"Por que o Jesus ressurreto não apareceu aos fariseus?" é uma
pergunta popular feita pelos céticos. A resposta pode ser porque não teria sido
necessário. Isso é normalmente desprezado, mas muitos sacerdotes de Jerusalém
tornaram-se cristãos. Lucas escreve: "Crescia rapidamente o número de
discípulos em Jerusalém; também um grande número de sacerdotes obedecia à fé' (At 6.7).
Esses sacerdotes terminaram dando início a uma controvérsia que aconteceu
posteriormente na igreja de Jerusalém. Durante uma reunião de concílio entre
Pedro, Paulo, Tiago e outros presbíteros, "se levantaram alguns do partido
religioso dos fariseus que haviam crido e disseram: 'É necessário circuncidá-los [os gentios] e exigir deles
que obedeçam à Lei de Moisés' " (At 15.5).
O concílio resolveu a questão,
mas nosso ponto principal aqui é que Lucas não teria incluído esses detalhes se
eles fossem ficção. Por que não? Porque todo mundo saberia que Lucas era uma
fraude se não houvesse convertidos importantes do grupo dos fariseus. Teófilo e
outros leitores do século I saberiam — ou poderiam facilmente descobrir — se
tais conversões realmente existiram. Obviamente, os fariseus também saberiam.
Por que Lucas daria a eles uma maneira tão fácil de expor suas mentiras? Além
do mais, se você está tentando fazer que uma mentira seja vista como verdade,
não facilita as coisas para os seus inimigos, permitindo que exponham a sua
história. A conversão dos fariseus e a de José de Arimatéia eram dois detalhes
desnecessários que, se fossem falsos, teriam acabado com a farsa de Lucas. A
história de José acabaria com a farsa não apenas de Lucas, mas de todos os
outros autores dos evangelhos, porque eles incluem a mesma história do
sepultamento .
A explicação dos judeus. A explicação judaica para o túmulo vazio é registrada
no último capítulo de Mateus:
Enquanto as mulheres estavam a caminho, alguns dos guardas dirigiram-se à
cidade e contaram aos chefes dos sacerdotes tudo o que havia acontecido. Quando
os chefes dos sacerdotes se reuniram com os líderes religiosos, elaboraram um
plano. Deram aos soldados grande soma de dinheiro, dizendo-lhes:
"Vocês devem declarar o seguinte: Os discípulos dele vieram durante a noite e furtaram o corpo, enquanto estávamos dormindo. Se isso chegar aos ouvidos do governador, nós lhe daremos explicações e livraremos vocês de qualquer problema". Assim, os soldados receberam o dinheiro e fizeram como tinham sido instruídos. E esta versão se divulgou entre os judeus até o dia de hoje (Mt 28.11-15).
Note que Mateus deixa bastante
claro que seus leitores já sabiam sobre essa explicação dos judeus para o
túmulo vazio porque "esta versão se divulgou entre os judeus até o dia de
hoje". Isso significa que os leitores de Mateus (e certamente os próprios
judeus) saberiam se ele estava ou não dizendo a verdade. Se Mateus estava
inventando a história do túmulo vazio, por que daria a seus leitores uma maneira
tão simples de expor suas mentiras? A única explicação plausível é que o túmulo
deve ter realmente ficado vazio, e os inimigos judeus do cristianismo devem
realmente ter espalhado essa explicação específica para o túmulo vazio (de
fato, Justino Mártir e Tertuliano, escrevendo respectivamente nos anos 150 d.C.
e 200 d.C., afirmam que as autoridades judaicas continuaram a propagar essa
história do roubo durante todo o século 11. Discutiremos os problemas dessa
teoria no capítulo seguinte).
6. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO INCLUÍRAM
EM SEUS TEXTOS, PELO MENOS, 30 PESSOAS HISTORICAMENTE CONFIRMADAS
Essa é uma questão crítica que
continua se repetindo. Os documentos do NT não podem ter sido inventados porque
eles contêm muitas personagens confirmadas historicamente. Os
autores do NT teriam minado sua credibilidade diante dos ouvintes
contemporâneos ao envolverem pessoas reais numa ficção, especialmente pessoas
de grande notoriedade e poder. Não há maneira de os autores do NT terem seguido
adiante escrevendo mentiras descaradas sobre Pilatos, Caifás, Festo, Félix e
toda a linhagem de Herodes. Alguém os teria acusado por terem envolvido
falsamente essas pessoas em acontecimentos que nunca ocorreram. Os autores do
NT sabiam disso e não teriam incluído tantas pessoas reais de destaque numa
ficção que tinha o objetivo de enganar. Mais uma vez, a melhor explicação é que
os autores do NT registraram precisamente aquilo que viram.
7. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO INCLUÍRAM
DETALHES DIVERGENTES
Os críticos são rápidos em
citar os relatos aparentemente contraditórios dos evangelhos como uma evidência
de que não são dignos de confiança em informação precisa. Mateus diz, por
exemplo, que havia um anjo no túmulo de Jesus, enquanto João menciona a presença
de dois anjos. Não seria isso uma contradição que derrubaria a credibilidade
desses relatos? Não, mas exatamente o oposto é verdadeiro: detalhes
divergentes, na verdade, fortalecem a questão de que esses são relatos feitos
por testemunhas oculares. De que modo?
Em primeiro lugar, vamos
destacar que os relatos do anjo não são contraditórios. Mateus não diz que
havia apenas um anjo na sepultura. Os críticos precisam acrescentar uma
palavra ao relato de Mateus para torná-lo contraditório ao de João.
Mas por que Mateus mencionou
apenas um anjo, se realmente havia dois ali? Pela mesma razão que dois
repórteres de diferentes jornais cobrindo um mesmo fato optam por incluir
detalhes diferentes em suas histórias. Duas testemunhas oculares independentes
raramente vêem todos os mesmos detalhes e descrevem um fato exatamente com as
mesmas palavras. Elas vão registrar o mesmo fato principal (i.e., Jesus
ressuscitou dos mortos), mas podem diferir nos detalhes (i.e., quantos anjos
havia no túmulo). De fato, quando um juiz ouve duas testemunhas que dão
testemunho idêntico, palavra por palavra, o que corretamente presume? Conluio —
as testemunhas encontraram-se antecipadamente para que suas versões do fato
concordassem.
Desse modo, é perfeitamente
racional que Mateus e João difiram — os dois estão registrando o depoimento de
testemunhas oculares. Talvez Mateus tenha mencionado apenas o anjo que falou
(Mt 28.5), enquanto João descreve quantos anjos Maria viu (Jo 20.12). Ou
talvez um dos anjos se tenha destacado mais do que o outro. Não sabemos com
certeza. Sabemos simplesmente que tais diferenças são comuns entre testemunhas
oculares.
À luz dos diversos detalhes divergentes do NT, está
claro que os autores não se reuniram para harmonizar seus testemunhos. Isso
significa que certamente não estavam tentando fazer uma mentira passar por
verdade. Se estavam inventando a história do NT, teriam se reunido para
certificar-se de que eram coerentes em todos detalhes. Está claro que tal
harmonização não aconteceu, e isso confirma a natureza genuína das testemunhas
oculares do NT e da independência de cada autor.
Ironicamente, não é o NT que é
contraditório, mas sim os críticos. Por um lado, os críticos afirmam que os
evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) são por demais uniformes para
serem fontes independentes. Por outro lado, afirmam que eles são muito
divergentes para estarem contando a verdade. Desse modo, o que eles são? São
muito uniformes ou muito divergentes?
Na verdade, achamos que são a
mistura perfeita de ambos, a saber: são tanto suficientemente uniformes e
suficientemente divergentes (mas não tanto) exatamente porque são
relatos de testemunhas oculares independentes dos mesmos fatos. Seria de
esperar ver o mesmo fato importante e detalhes menores diferentes em manchetes
de jornais independentes relatando o mesmo acontecimento.
Se você não acredita em nós,
então entre na Internet hoje e procure três histórias independentes sobre um
mesmo fato nos jornais. Escolha uma história da agência Reuters, uma da AP e
talvez outra da UPI, ou quem sabe de um repórter freelance. Todas as
histórias terão alguns dos fatos mais importantes, mas poderão incluir
diferentes detalhes menores. Na maioria dos casos, os relatos serão complementares,
em vez de contraditórios.
Se três fontes de notícias,
por exemplo, trazem uma história sobre a visita do presidente a um país
estrangeiro, todas as histórias vão corretamente identificar o país, mas podem
enfatizar diferentes detalhes menores. Se um relato diz que o presidente
visitou o primeiro-ministro da Grã-Bretanha e se outro relato diz que o
presidente visitou o primeiro-ministro numa sala com colunas de mármore, os
dois relatos são complementares ou contraditórios? São complementares. O
segundo relato não contradiz o primeiro, mas apenas o suplementa.
Da mesma forma, todos os
evangelhos concordam sobre o mesmo fato principal: Jesus ressuscitou dos
mortos. Eles simplesmente possuem diferentes detalhes complementares. Ainda que
se pudesse encontrar detalhes menores entre os evangelhos que fossem claramente
contraditórios, isso não provaria que a ressurreição de Jesus é uma ficção.
Pode ser um problema para a doutrina o fato de a Bíblia não possuir um erro
menor, mas isso não significaria que o fato principal não aconteceu.
Simon Greenleaf, professor de
direito da Universidade de Harvard que escreveu um estudo-padrão sobre o que
constitui evidência legal, creditou sua conversão ao cristianismo ao seu
cuidadoso exame das testemunhas do evangelho. Se alguém conhecia as
características do depoimento genuíno de testemunhas oculares, essa pessoa era
Greenleaf. Ele concluiu que os quatro evangelhos "seriam aceitos como
provas em qualquer tribunal de justiça, sem a menor hesitação".
O resumo é este: concordância
nos pontos principais e divergência nos detalhes menores é da natureza do
depoimento de testemunhas oculares, e essa é a própria natureza dos documentos
do NT.
8. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO DESAFIAM
SEUS LEITORES A CONFERIR OS FATOS VERIFICÁVEIS, ATÉ MESMO FATOS SOBRE MILAGRES
Já vimos algumas afirmações
sobre a precisão dos autores do NT feitas aos destinatários de seus documentos.
Destacamos a declaração aberta de precisão feita por Lucas a Teófilo (Lc
1.1-4), a afirmação de Pedro de que não seguiram fábulas engenhosamente
inventadas, mas que foram testemunhas oculares da majestade de Cristo (2Pe
1.16); a ousada declaração de Paulo a Festa e ao rei Agripa sobre o. Cristo
ressurreta (At 26) e a reafirmação de Paulo de um antigo credo que identificou
mais de 500 testemunhas oculares do Cristo ressurreto (1 Co 15).
Além disso, Paulo faz outra
afirmação aos cristãos de Corinto que nunca teria feito a não ser que estivesse
dizendo a verdade. Em sua segunda carta aos Coríntios, Paulo declara que
anteriormente realizara milagres entre eles. Falando de suas qualificações como
apóstolo — com alguém que fala por Deus -, Paulo relembra aos cristãos de
Corinto: "As marcas de um apóstolo — sinais, maravilhas e milagres — foram
demonstradas entre vocês, com grande perseverança" (2Co 12.12).
Por que Paulo escreveria isso
aos cristãos de Corinto a não ser que realmente tivesse realizado os milagres
entre eles? Ele teria destruído sua credibilidade completamente ao pedir que se
lembrassem de milagres que nunca realizara diante deles! A única conclusão plausível
é que: 1) Paulo realmente era apóstolo de Deus, 2) portanto, realmente tinha a
habilidade de confirmar seu apostolado ao realizar milagres e 3) ele mostrou
essa habilidade abertamente aos cristãos de Corinto.
9. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO DESCREVEM
MILAGRES DA MESMA FORMA QUE DESCREVEM OUTROS FATOS HISTÓRICOS: POR MEIO DE UM
RELATO SIMPLES E SEM RETOQUES
Detalhes embelezados e
extravagantes são fortes sinais de que um relato histórico tem elementos
lendários. Existe, por exemplo, um relato lendário da ressurreição de Jesus que
foi escrito mais de cem anos depois do acontecimento verdadeiro. Provém de uma
farsa apócrifa conhecida como o Evangelho de Pedro e é mais ou menos
assim:
E bem cedo, ao amanhecer o sábado, uma grande multidão veio de Jerusalém e
das redondezas para ver o sepulcro selado. Mas durante a noite que precedia o
domingo, enquanto os soldados estavam fazendo a guarda de dois a dois, uma
grande voz produziu-se no céu. E viram os céus abertos e dois homens que
desciam, tendo à sua volta um grande resplendor, e aproximaram-se do sepulcro.
E aquela pedra que haviam colocado sobre a porta rolou com o seu próprio
impulso e pôs-se de lado, com o que o sepulcro ficou aberto, e ambos os jovens
entraram. Então, ao verem isto, aqueles soldados despertaram o centurião e os
anciãos, já que estes encontravam-se ali fazendo a guarda. E, estando eles
explicando o que acabara de acontecer, viram três homens que saíam do sepulcro,
dois dos quais servindo de apoio a um terceiro, e uma cruz que ia atrás deles.
E a cabeça dos dois primeiros chegava até o céu, enquanto a daquele que era
conduzido por eles ultrapassava os céus. E ouviram uma voz vinda dos céus que
dizia: "Pregaste para os que dormem?". E da cruz fez-se ouvir uma
resposta: "Sim" (v. 34-42).
Puxa! Era assim que eu teria
escrito se estivesse inventando ou embelezando a história da ressurreição de
Jesus! Temos grandes multidões, pedras movendo-se, cabeça de homens que se
estica até o céu e até além dele. Temos até mesmo uma cruz que anda e fala. Que
emocionante! Que enfeite!
Os relatos da ressurreição de
Jesus do NT não contêm nada semelhante a isso. Os evangelhos fornecem
descrições triviais quase insípidas da ressurreição.
Marcos descreve o que as mulheres viram desta maneira:
Mas, quando foram verificar, viram que a pedra, que era muito grande,
havia sido removida. Entrando no sepulcro, viram um jovem vestido de roupas
brancas assentado à direita, e ficaram amedrontadas. "Não tenham
medo", disse ele. "Vocês estão procurando Jesus, o Nazareno, que foi
crucificado. Ele ressuscitou! Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto.
Vão e digam aos discípulos dele e a Pedro: Ele está indo adiante de vocês para
a Galiléia. Lá vocês o verão, como ele lhes disse". Tremendo e assustadas,
as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque
estavam amedrontadas (Mc 16.4-8).
A descrição de Lucas é
quase tão direta quanto essa:
Encontraram removida a pedra do sepulcro, mas, quando entraram, não
encontraram o corpo do Senhor Jesus. Ficaram perplexas, sem saber o que fazer.
De repente, dois homens com roupas que brilhavam como a luz do sol colocaram-se
ao lado delas. Amedrontadas, as mulheres baixaram o rosto para o chão, e os
homens lhes disseram: "Por que vocês estão procurando entre os morros
aquele que vive? Ele não está aqui! Ressuscitou! Lembrem-se do que ele lhes
disse, quando ainda estava com vocês na Galiléia: 'É necessário que o Filho do homem
seja entregue nas mãos de homens pecadores, seja crucificado e ressuscite no
terceiro dia' ". Então se lembraram das palavras de Jesus (Lc 24.2-8).
O evangelho de João menciona
rapidamente Maria Madalena descobrindo o túmulo vazio, acrescenta a experiência
de Pedra e João e, então, volta para Maria, d? lado de fora do túmulo. Mais uma
vez, nada parece embelezado ou extravagante em seu relato:
No primeiro dia da semana, bem cedo, estando ainda escuro, Maria Madalena
chegou ao sepulcro e viu que a pedra da entrada tinha sido removida. Então
correu ao encontro de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem Jesus
amava, e disse: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o
colocaram!" Pedro e o outro discípulo saíram e foram para o sepulcro. Os
dois corriam, mas o outro discípulo foi mais rápido que Pedro e chegou primeiro
ao sepulcro. Ele se curvou e olhou para dentro, viu as faixas de linho ali, mas
não entrou. A seguir, Simão Pedro, que vinha atrás dele, chegou, entrou no
sepulcro e viu as faixas de linho, bem como o lenço que estivera sobre a cabeça
de Jesus. Ele estava dobrado à parte, separado das faixas de linho. Depois o
outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, também entrou. Ele viu e
creu. (Eles ainda não haviam compreendido que, conforme a Escritura, era
necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos.) Os discípulos voltaram para
casa. Maria, porém, ficou à entrada do sepulcro, chorando. Enquanto chorava,
curvou-se para olhar dentro do sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco,
sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés (Jo
20.1-12).
Depois disso, o relato de João
descreve a aparição de Jesus à Maria.
O relato de Mateus sobre a
experiência das mulheres é mais dramático, mas não contém nada tão bizarro
quanto as longas cabeças ou a cruz que anda e fala, conforme encontrado no
relato lendário do Evangelho de Pedro:
E eis que sobreveio um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu dos
céus e, chegando ao sepulcro, rolou a pedra da entrada e assentou-se sobre ela.
Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve. Os
guardas tremeram de medo e ficaram como mortos. O anjo disse às mulheres:
"Não tenham medo! Sei que vocês estão procurando Jesus, que foi
crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Venham ver o
lugar onde ele jazia. Vão depressa e digam aos discípulos dele: Ele ressuscitou
dentre os mortos e está indo adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o
verão. Notem que eu já os avisei" (Mt 28.2-7).
A ressurreição de Jesus é o
fato central do cristianismo. Como Paulo escreveu, " ... se Cristo não
ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados"
(1 Co 15.17). Se a ressurreição de Jesus fosse uma história inventada,
planejada para convencer céticos, então os autores do NT certamente teriam feito
relatos mais longos e com mais detalhes. Além do mais, eles provavelmente
teriam dito que tinham testemunhado Jesus levantar-se fisicamente dos mortos.
Em vez disso, vão até o túmulo depois que ele já havia ressuscitado e não fazem
nenhuma tentativa de maquiar sua descoberta com descrições prolixas ou cruzes
falantes e caricaturas. Mateus, Marcos e Lucas nem mesmo dizem qualquer coisa
sobre as dramáticas implicações teológicas da ressurreição de Jesus, e João
relata essas implicações em apenas uma frase (Jo 20.31).
Essa questão da limitação
teológica dos autores dos evangelhos merece uma amplificação. Ela indica que os
autores dos evangelhos estavam preocupados quanto a ter a história correta, e
não em inventar um novo tipo de teologia. O especialista em Novo Testamento
Norman T. Wright faz a brilhante observação de que expressões como 'ir para o
céu quando você morrer', 'vida após a morte', 'vida eterna e até mesmo
'ressurreição de todo o povo de Cristo' não são mencionadas nas quatro
histórias canônicas da ressurreição de Jesus. Se Mateus, Marcos, Lucas e João
quisessem contar histórias nas quais o importante fosse 'Jesus ressuscitou, e,
portanto, você também ressuscitará', então fizeram um péssimo trabalho.
É chocante quando se pensa a respeito disso. Se você for
à maioria dos cultos de igrejas cristãs hoje, a ênfase constante é
"venha a Jesus para ser salvo". Isso é corretamente ensinado em todo
o NT, mas é raramente mencionado nos evangelhos. Por quê? Porque os autores dos
evangelhos estavam escrevendo história, e não simplesmente teologia. É claro
que a história do NT tem implicações dramáticas na teologia, mas essas
implicações são extraídas de outros textos do NT, a saber, as epístolas
(cartas). Teria sido fácil para os autores dos evangelhos inserir implicações
teológicas em cada evento histórico, mas eles não fizeram isso. Foram
testemunhas oculares que estavam escrevendo a história, não autores de ficção
ou teólogos proselitistas.
Sua sensatez também estará à
mostra nos outros milagres que registram. Os outros 35 milagres atribuídos a
Jesus nos evangelhos são descritos como se fossem narrados por um repórter, não
por pregadores de olhos atentos. Os autores dos evangelhos não oferecem
descrições espetaculares ou comentários cheios de fogo e enxofre — narram
apenas os fatos.
10. OS AUTORES DO NOVO TESTAMENTO
ABANDONARAM SUAS CRENÇAS E PRÁTICAS SAGRADAS DE LONGA DATA, ADOTARAM NOVAS
CRENÇAS E PRÁTICAS E NÃO NEGARAM SEU TESTEMUNHO SOB PERSEGUIÇÃO OU AMEAÇA DE
MORTE
Os autores do NT não dizem simplesmente
que Jesus realizou milagres e ressuscitou dos mortos — na verdade, eles apóiam
esse testemunho com ação dramática. Em primeiro lugar, praticamente da noite
para o dia, abandonaram muitas de suas crenças e práticas sagradas há muito
tempo consideradas. Entre as diversas práticas instituídas num período de mais
de 1.500 anos, abandonaram as seguintes:
· o sistema de sacrifício de animais — eles o substituíram pelo sacrifício
perfeito de Cristo;
· a supremacia obrigatória da Lei Mosaica — eles dizem que ela não tem mais
poder por causa da vida sem pecado de Cristo;
·
monoteísmo estrito — agora adoram Jesus, o homem-Deus, apesar
do fato de que 1) sua mais prezada crença fosse "Ouça, ó Israel: O SENHOR,
o nosso Deus, é o único SENHOR" (Dt 6.4) e 2) a adoração ao homem sempre
fora considerada blasfêmia e punida com a morte;
·
o sábado — eles não mais observavam esse dia, embora sempre
tivessem acreditado que quebrar o sábado era uma atitude passível de morte
(Êx31.14);
- crença no Messias conquistador — Jesus é o oposto de um Messias conquistador. Ele é o Cordeiro sacrificial (pelo menos em sua primeira visita!).
E não são apenas os autores do
NT que fazem isso — milhares de judeus de Jerusalém, dentre eles sacerdotes
fariseus, convertem-se ao cristianismo e juntam-se aos autores do NT ao
abandonarem essas práticas e crenças tão valorizadas. J. P. Moreland nos ajuda
a compreender a magnitude do fato de esses judeus abandonarem, praticamente da
noite para o dia, suas instituições estabelecidas:
[Os judeus] acreditavam que [essas instituições] lhes tinham sido
confiadas por Deus. Acreditavam que, abandonando-as, estariam correndo o risco
de ver sua alma condenada ao inferno após morte. [ ... ] Agora vem um rabino de
nome Jesus de uma região de baixo nível social. Ele ensina durante três anos,
reúne um grupo de seguidores vindos de classe média e baixa, entra em conflito
com as autoridades e é crucificado, assim como outros 30 mil judeus que foram
executados no mesmo período. Cinco semanas depois de ele ser crucificado,
porém, mais de 10 mil judeus o estão seguindo, declarando-o iniciador de uma
nova religião. E veja: eles estão dispostos a abrir mão ou a alterar as cinco
instituições sociais que, desde a infância, lhes tinham sido ensinadas como
fundamentais em termos sociais e teológicos [ ... ]. Algo muito importante
estava acontecendo!
Como você explica essas
mudanças monumentais se os autores do NT estavam inventando uma história? Como
você as explica se a ressurreição de Jesus não aconteceu?
Em segundo lugar, não apenas
esses novos cristãos abandonaram suas crenças e práticas há muito prezadas, mas
também adotaram algumas outras bastante radicais:
· domingo, um dia de trabalho, como o novo dia de adoração;
· o batismo como um novo sinal de que alguém era participante da nova
aliança (como a circuncisão era um sinal da antiga aliança);
· a comunhão (ceia) como um ato memorial do sacrifício de Cristo por seus
pecados.
A ceia é especialmente
inexplicável a não ser que a ressurreição de Jesus seja verdadeira. Por que o
judeus inventariam uma prática na qual simbolicamente comiam o corpo e bebiam o
sangue de Jesus?
Por fim, além de abandonar
instituições sagradas há muito prezadas e adotar outras novas, os autores do NT
sofreram perseguição e morte quando poderiam salvar-se ao renunciar aquilo que
pregavam. Se tivessem inventado a história da ressurreição de Jesus, certamente
teriam dito isso quando estavam prestes a ser crucificados (Pedra), apedrejados
(Tiago) ou decapitados (Paulo). Mas nenhum deles abjurou — 11 dos doze
apóstolos foram martirizados por sua fé (o único sobrevivente foi João, enviado
para o exílio na ilha grega de Patmos). Por que morreriam por uma reconhecida
mentira?
Charles Colson, ex-assistente
do presidente Nixon e fundador do ministério em prisões chamado Prison
Fellowship, foi para a prisão por causa do escândalo Watergate. Comparando
sua experiência com os apóstolos, ele escreve:
Watergate envolvia uma conspiração para encobrir, perpetuada pelos
auxiliares mais próximos do presidente dos Estados Unidos — os homens mais
poderosos da América, profundamente leais ao seu presidente. Mas um deles, John
Dean, tornou-se testemunha principal, ou seja, testemunhou contra o próprio
Nixon, como ele mesmo disse, "para salvar a própria pele" — e ele o
fez apenas duas semanas depois de ter informado o presidente sobre o que
realmente estava acontecendo — duas semanas! O verdadeiro encobrimento, a
mentira, só pôde ser sustentada por duas semanas e, então, todo mundo pulou do
barco para se salvar. Perceba o fato de que todos aqueles que rodeavam o
presidente estavam enfrentando apenas constrangimento, talvez prisão. Ninguém
teve a vida ameaçada. Mas e quanto aos discípulos? Doze homens sem poder — na
verdade, camponeses — estavam enfrentando não apenas embaraço ou desgraça
política, mas espancamentos, apedrejamento, execução. Todos os discípulos, sem
exceção, insistiram até o último fôlego que tinham visto fisicamente o Jesus
ressuscitado corporalmente dos mortos. Você acha que um desses discípulos teria
fraquejado antes de ser decapitado ou apedrejado? Acha que algum deles faria um
acordo com as autoridades? Nenhum deles fez.
Colson está certo. Os
apóstolos certamente teriam negado tudo para se salvar. Pedra já havia negado
Jesus três vezes antes da ressurreição para "salvar sua pele"! Ele
certamente teria negado Jesus depois da ressurreição se a história tivesse se
mostrado como um simples boato.
Antonin Scalia, juiz da
suprema corte norte-americana, destacou o absurdo daqueles que duvidam da
historicidade do NT. Num comentário repleto de sarcasmo contra os intelectuais
dos dias modernos, Scalia afirmou exatamente isso que estamos dizendo em
relação aos motivos dos autores do NT, a saber: uma vez que os autores do NT
não tinham nada a ganhar e tudo a perder, devemos acreditar naquilo que dizem
sobre a ressurreição de Jesus. Scalia diz:
Não é racional aceitar o depoimento de testemunhas oculares que não tinham
nada a ganhar [ ... ]. Os sábios [deste mundo] não acreditam na ressurreição
dos mortos. Desse modo, tudo o que aconteceu entre a manhã da Páscoa até a
ascensão precisou ser inventado pelos deploráveis entusiastas como parte de seu
plano para serem martirizados.
Scalia e Colson estão
absolutamente certos. Não há razão para duvidar e há todas as razões para
acreditar nos relatos do NT. Embora muitas pessoas venham a morrer por uma
mentira que considerem verdade, nenhuma pessoa sã morrerá por aquilo que sabe
que é uma mentira. Os autores do NT e outros apóstolos tinham certeza de
que Jesus ressuscitara e demonstraram essa certeza com seu próprio sangue. O
que mais as testemunhas oculares deveriam fazer para provar que estavam dizendo
a verdade?
E QUANTO AOS MÁRTIRES MUÇULMANOS?
"Espere aí!", pode
reclamar o cético. "Vemos pessoas morrendo por sua fé todos os dias! Você
já viu o noticiário? Existe um homem-bomba suicida praticamente toda semana no
Oriente Médio! Você já se esqueceu do Onze de Setembro? Os seqüestradores estavam
fazendo tudo aquilo por Alá! O que o martírio prova? Será que prova que o
islamismo também é verdadeiro?
De modo algum. Existem algumas
semelhanças, mas existe uma diferença fundamental entre os mártires do NT e os
de hoje. Uma similaridade compartilhada por todos os mártires é a sinceridade.
Quer se fale sobre cristãos, muçulmanos quer sobre pilotos camicases seguidores
de seitas suicidas, todos concordam que os mártires acreditam sinceramente em
sua causa. Mas a diferença crítica é que os mártires cristãos do NT tinham mais
do que sinceridade — eles tinham evidências de que a ressurreição de Jesus era
verdadeira. Por quê? Porque os mártires do NT foram testemunhas
oculares do Cristo ressurreto. Sabiam que a ressurreição era verdadeira, e
não uma mentira, porque a verificaram com seus próprios sentidos. Eles viram,
tocaram e até mesmo comeram com o Jesus ressurreto em diversas ocasiões.
Viram-no realizar mais de 30 milagres. À luz dessas
fortes evidências empíricas, precisaram de pequena fé para acreditar na
ressurreição. Por meio de padrões de observação de senso comum, eles tinham prova
dela.
Desse modo, submeteram-se
voluntariamente à perseguição e à morte por aquilo que eles próprios haviam
verificado.
Uma coisa assim é improvável
dentro do islamismo (ou em qualquer outro sistema de crenças que produza
mártires). Embora os mártires atuais do islamismo sejam certamente sinceros com
relação ao islã, não têm provas miraculosas de testemunhas oculares de que o
islã seja verdadeiro. Não são testemunhas oculares de qualquer coisa
miraculosa.
De fato, nem mesmo, os
contemporâneos de Maomé foram testemunhas oculares de qualquer coisa
miraculosa. Quando Maomé foi desafiado a realizar milagres para confirmar
que era de Deus, nunca aceitou o desafio (surata 3.181-184; 4.153; 6.8,9;
17.88-96). Em vez disso, disse que era simplesmente um homem (17.93) e deixou
implícito que o Alcorão o autenticava como profeta (17.88). Mas não
existem milagres claramente definidos registrados no Alcorão. Os milagres foram atribuídos a Maomé apenas pelos
muçulmanos que viveram entre 100 e 200 anos depois de sua morte, porque os
cristãos continuavam pedindo provas de que Maomé era um profeta. Essas
declarações de milagres não estão baseadas no depoimento de testemunhas
oculares e dão toda a indicação de serem lendárias. Várias falam de árvores
movendo-se ou saudando Maomé enquanto ele passava. Montanhas e lobos
supostamente saudaram Maomé também. Outras histórias de milagres parecem ser
variações dos milagres que Jesus realizou (e.g., transformar água em leite,
alimentar milhares multiplicando uma pequena refeição). Essas histórias de
milagres são encontradas no hadith, uma coleção posterior de dizeres e
feitos de Maomé.
O mais confiável autor do hadith,
AI Bukhari, e uma maioria de estudiosos muçulmanos admitem que a
maioria dos supostos milagres de Maomé não é autêntica. Uma vez que o próprio Maomé nunca afirmou fazer milagres e, considerando que
essas histórias de milagres surgiram de fontes posteriores à morte dos
contemporâneos de Maomé, não vemos razões para acreditar em algum dos
milagres atribuídos a Maomé.
Se Maomé não foi confirmado
por milagres, então por que as pessoas o seguiram? Elas não o fizeram no
começo. Ele e seus poucos seguidores foram expulsos de Meca no ano 622 d.e, 12
anos depois de ele aparentemente ter recebido sua primeira revelação (uma vez
que Meca era uma cidade politeísta cheia de tributos a outros deuses, a
passagem de Maomé para o monoteísmo não foi bem recebida pelos mercadores
locais que viviam do comércio associado ao politeísmo). Somente depois de Maomé
ter liderado várias conquistas militares bem-sucedidas entre os anos 622 e 630
é que ele começou a atrair um grande número de seguidores. Sua popularidade foi
grandemente aumentada quando liderou ataques às caravanas de Meca e dividiu o
despojo desses ataques com seus seguidores. Também tomou diversas esposas, que
o ajudaram a solidificar sua base de apoio. Em outras palavras, a popularidade
de Maomé resultou de suas lucrativas vitórias militares que compartilhou com
seus seguidores, de sua astuta conduta política e de seu carisma pessoal, em
vez de qualquer confirmação miraculosa.
O aspecto militarista do islã
destaca outra diferença importante entre as origens do cristianismo e do islã.
O cristianismo começou como uma fé pacífica que foi considerada ilegal durante
os primeiros 280 anos de sua existência (tempo durante o qual experimentou seu
maior crescimento). Se alguém se tornasse cristão no Império Romano antes do
ano 311, poderia ser morto por causa disso.
Contudo, depois de uma breve
mas infrutífera tentativa de propagar sua fé pacificamente, Maomé voltou-se à
força militar para espalhar o islã. Por volta do ano 630, ele havia cercado
Meca à força e tinha o controle de grande parte daquilo que é conhecido hoje
como a península da Arábia Saudita. Embora Maomé tenha morrido em 632, seus
seguidores continuaram as campanhas militares em nome do islã. No ano 638 —
apenas seis anos depois da morte de Maomé -, os muçulmanos tomaram a terra
santa à força. Nos primeiros cem anos do islã, além de terem tomado Jerusalém,
os muçulmanos tentaram, por duas vezes, tomar Constantinopla (atual Istambul,
Turquia), e foram bem-sucedidos ao passarem pelo norte da África, cruzar o
estreito de Gibraltar e chegar até a Europa. Se não fosse por Carlos Martel,
prefeito da cidade de Tours, França, provavelmente toda a Europa falaria árabe
hoje. Martel expulsou os muçulmanos de Tours em 732, exatamente cem anos depois
da morte de Maomé (os muçulmanos acabaram retirando-se para além do estreito de
Gibraltar, mas o norte da África permanece predominantemente muçulmano até
hoje).
Desse modo, aqui está o
contraste: nos primeiros dias do cristianismo, uma pessoa poderia ser morta por
se tornar cristã; nos primeiros dias do crescimento do islã, uma pessoa poderia
ser morta por não se tornar um muçulmano! Em outras palavras, o
crescimento dessas duas grandes fés monoteístas não poderia ter sido mais
diferente: o islã espalhou-se pelo uso da espada sobre os outros; o
cristianismo espalhou-se quando os outros usaram a espada sobre eles.
"Mas e quanto às
Cruzadas?", pode perguntar o cético. Faça um curso de História. As
Cruzadas não começaram antes do ano 1100, mais de mil anos depois da origem do
cristianismo. A proposta inicial das Cruzadas era recuperar as terras que os
muçulmanos anteriormente haviam tomado dos cristãos por meio de conquistas
militares. Desse modo, foi o islã, e não o cristianismo, que inicialmente se
espalhou por meio das Cruzadas militares.
Agora é possível entender por
que uma religião se espalha quando usa meios militares. Mas por que uma
religião se espalha quando seus adeptos são perseguidos, torturados e mortos
durante seus primeiros 280 anos? (esses certamente não são argumentos favoráveis).
Talvez porque existam alguns testemunhos bastante confiáveis sobre
acontecimentos miraculosos que provam que o cristianismo é verdadeiro. De que
outra maneira você poderia explicar o fato de que pessoas assustadas, expulsas,
céticas e covardes repentinamente se tornarem os mais dedicados, determinados,
pacíficos e abnegados missionários que o mundo jamais conheceu?
RESUMO E CONCLUSÃO
Nos últimos dois capítulos,
vimos que temos uma cópia precisa dos primeiros depoimentos de testemunhas
oculares encontrados nos documentos do NT. Nossa questão central neste capítulo
envolve invenção, embelezamento e exagero, a saber: os autores do NT
inventaram, embelezaram ou exageraram elementos da história? Eles lidaram com
os fatos de maneira descuidada?
Não. Como vimos, existem pelo menos
dez boas razões para acreditar que eles foram homens honestos que, de maneira
meticulosa e fiel, registraram aquilo que viram. Os autores do NT:
1. incluem diversos detalhes embaraçosos sobre si mesmos;
2. incluem diversos detalhes embaraçosos e dizeres difíceis de Jesus;
3. incluem as exigências de Jesus;
4. fazem uma clara distinção entre as palavras de Jesus e as deles;
5. incluem acontecimentos relacionados à ressurreição de Jesus que eles não poderiam ter
inventado;
6. incluem pelo menos 30 pessoas historicamente confirmadas;
7. incluem detalhes divergentes;
8. desafiam seus leitores a conferir os fatos verificáveis, até mesmo fatos
sobre milagres;
9. descrevem milagres da mesma forma que descrevem outros fatos históricos:
por meio de um relato simples e sem retoques;
10.
abandonaram suas crenças e práticas sagradas de longa data,
adotaram novas crenças e práticas e não negaram seu testemunho sob perseguição
ou ameaça de morte.
Desse modo, temos todas essas
razões para apoiar a idéia de que os autores do Novo Testamento apegaram-se
incansavelmente à verdade. E por que eles não fariam isso? O que os motivaria a
mentir, a embelezar ou a exagerar qualquer aspecto? O que possivelmente teriam
a ganhar? Eles ganharam apenas perseguição e morte por testemunharem da maneira
pela qual fizeram. Em outras palavras, os autores do NT tinham todos os motivos
para negar os acontecimentos do NT, não para inventar, maquiar ou exagerar cada
um deles. Mais uma vez, não era o caso de eles estarem precisando de uma nova
religião! Quando Jesus chegou, a maioria dos autores do NT era de judeus
religiosos que consideravam o judaísmo a única religião verdadeira e que se
consideravam o povo escolhido de Deus. Alguma coisa dramática deve ter
acontecido para tirá-las do sono dogmático e levá-las a um novo sistema de
crenças que não lhes prometia nada além de problemas na terra. A luz de tudo
isso, não temos fé suficiente para sermos céticos em relação ao Novo
Testamento.
Contudo, a despeito de todas
essas evidências contrárias a eles, os céticos ainda têm fé. Uma vez que as
evidências fazem ser praticamente impossível concluir que Jesus foi uma lenda
ou que os autores do NT eram mentirosos, alguns céticos apegam-se à sua única
possibilidade restante: os autores do NT foram enganados. Sinceramente acreditaram
que Jesus ressuscitara dos mortos, mas estavam errados.
Autores do livro:Não tenho fé suficiente para ser ateu
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