Tenho algo a dizer sobre os visionários e revelados e vou
dizer.
Não é que não acredite em visões e
aparições.Teria que negar a Bíblia se negasse
que o Céu se comunica com a Terra.
É claro que devemos acreditar em
visões e aparições.
Mas há muitas verdades e terríveis
enganos nesse delicado espaço da fé.
Só porque devemos crer que Deus se
manifesta, não temos que acreditar que se manifesta a todos os que dizem que
Deus lhes apareceu.
Jesus é o primeiro a nos aconselhar a
dúvida.
Segundo Jesus, não devemos engolir os
videntes que afirmam que O viram e sabem onde Ele está (Mt 24, 24).
E Ele diz com advertência redobrada: Vede que vos preveni de antemão!
Ele sabia da procura intensa do
coração humano e previa a ação dos charlatões.
"Sabe o Deus que você procura?
Pois é: eu O vejo de vez em quando e Ele fala comigo. Siga-me que eu lhe
mostrarei coisas incríveis. Mas é claro que isso tem seu preço...".
Nosso tempo é um tempo de intensa
ação de videntes e novos revelados.
O Catecismo da Igreja Católica deixa
claro aos católicos que não há mais revelações.Jesus é a última e definitiva
revelação do Pai.
Quando muito pode haver luzes e
enfoques, mas não haverá novas notícias além da notícia de Jesus ressuscitado
que um dia voltará.
É a Igreja tomando o cuidado de nos
advertir contra videntes e anunciadores de novas verdades.Em muitos casos está claro que o
vidente sofre de problemas pessoais e mentais, noutros percebe-se um jogo sutil
e humilde de poder sobre os outros.
Noutros casos, o comportamento da
pessoa é tão sereno e cristalino que convém ouvi-la.Felizmente, a Igreja não obriga a
ninguém a crer em aparições ou visões fora do que está narrado na Bíblia ou do
que faz parte da Tradição.
Quem decide isso é o Magistério.
Quem crê em sintonia com a Igreja e o
Magistério pode crescer com isso.
Quem crê em qualquer vidente pode se
enganar terrivelmente.
Quem não crê, nem por isso deixa de
ser um bom católico, desde que saiba discordar de maneira respeitosa dos irmãos
que dizem ver alguma coisa.
Digo e assino em baixo que, pela
literatura de algumas dessas visões ou aparições, o que há em alguns casos é um
jogo de poder.
Implícito naquelas narrativas está
mais ou menos o que segue.
"Não sou obrigado a dizer coisa
com coisa, nem ser lógico, nem convencer ninguém pela razão. O que eu digo vem
do céu e é melhor vocês obedecerem, porque vai acontecer alguma coisa ruim com
o mundo e com quem não der crédito a essa profecia. Eu sei dessas coisas porque
o céu me visitou e me disse. Não sou eu que quero. É Deus quem quer. Tenho
autoridade porque vejo e ouço mais do que vocês. Por isso, ouçam e sigam meus
conselhos e venham aqui de vez em quando, porque o Céu tem algo a dizer a vocês
no dia tal e tal por meu intermédio. Eu sou a porta voz. Sou uma pessoa humilde,
mas fui escolhido e tenho autoridade de profeta. E estou dizendo que vocês
devem rezar assim e assado, fazer isso mais aquilo e praticar tal e tal
devoção, porque é isso o que o céu quer. Se quiserem duvidar de mim, duvidem,
mas nesse caso correm o risco de estar contra Deus".
A pessoa torna-se centro das
atenções.
Multidões dependem docilmente de suas
palavras e gestos e, aos poucos, começam a atribuir milagres ou curas ao lugar
ou ao vidente, que humildemente sempre explica que não é ele ou ela e, sim,
Deus que faz aquilo ali, onde ele ou ela atua.
Criam um sacerdócio paralelo e muito
mais espetacular do que o dos padres comuns que só celebram ou pregam, mas não
possuem o poder espiritual direto.
Além disso, os videntes mostram uma
autoridade maior do que a dos evangelhos ou dos pronunciamentos da Igreja
oficial, porque dão data e prazo para as coisas acontecerem.
Se, depois não acontecem, arranjam
outras explicações ou contam com o esquecimento do povo.
Pelo tempo que duraram as visões a
pessoa teve poder.
Não é o caso de todos, mas quem se
der ao trabalho de ler as mensagens destes mais de 300 lugares onde Maria anda
aparecendo, mais ela do que anjos ou santos ou Jesus, verá que há uma nova
autoridade na Igreja: a dos modernos revelados, que chegam a enfrentar a
hierarquia, sempre com resultados imediatos.
Ou parecem vítimas do poder dos
bispos e padres que, seguindo o evangelho (Mt 24,24-26) questionam tais
aparições, ou seus adeptos passam a julgar com severidade as autoridades que
ousam questionar uma coisa que para eles está claro que é de Deus.
Nós, padres, que ousamos pedir
prudência e uso da razão e da inteligência, somos vistos como gente sem fé e
menos santa do que o vidente.
Bom padre é quem concorda e apóia, ou
se cala.
Culpam-nos por pedirmos mais
inteligência e menos emoção.
Está virando um jogo de poder e uma
briga do Magistério e dos que estudaram anos a fio a fé, ou foram investidos da
função de liderar e os que em geral não estudam e se dizem eleitos pelo céu
para pregar verdades que não precisam estudar, porque o céu fala direto com
eles.
Segundo a Igreja, é perfeitamente
possível que o céu se comunique com a terra.
Mas, assim como na Bíblia apareceram
falsos profetas e falsos milagreiros que usaram suas visões para controlar
vidas alheias ou até criar religiões e cultos estranhos e irracionais, nada
obsta a que hoje em dia aconteça o mesmo.
A julgar pelo conteúdo de alguns
desses folhetos e livrinhos de mensagens do Céu; tem gente querendo voltar a
alguns anos antes do Concílio de 1962-65.
A Maria deles parece não aceitar nada
do que a Igreja disse naqueles documentos.
E é isso o que preocupa.
É Maria, ou são eles usando o nome de
Maria para voltar ao passado?
Ou ela mudou, ou estão dizendo o que
ela jamais diria.
E se dissesse, é de se duvidar que
diria desse jeito!
Está faltando ensino do catecismo na
Igreja, especialmente para esses videntes.
Talvez seja até a falta de catequese
que tem propiciado o surgimento deles...
Pe. Zezinho, scj
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