"... se tiverdes que sofrer por causa da justiça, felizes de vós! Não tenhais medo de suas intimidações, nem vos deixeis perturbar.
Antes, declarai santo, em vossos corações, o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir.Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa consciência. Então, se em alguma coisa fordes difamados, ficarão com vergonha aqueles que ultrajam o vosso bom procedimento em Cristo.
Pois será melhor sofrer praticando o bem, se tal for a vontade de Deus, do que praticando o mal.
De fato, também Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus. Sofreu a morte, na existência humana, mas recebeu nova vida no Espírito."
IPe 3.14,18
Na condição de uma pessoa que
veio a Cristo depois de vários anos de ceticismo, tenho uma afeição particular
pelos livros de apologética cristã. Eles são uma das minhas paixões. Existem
muitas provas conclusivas que garantem a confiabilidade das Escrituras, a
autoridade da Bíblia como Palavra de Deus inspirada e a perfeição do registro
bíblico dos eventos históricos que retrata, incluindo a vida terrena de Jesus
Cristo. Há provas incontestáveis e convincentes de que o cristianismo é a única
religião verdadeira, que o Deus trino que se revela em suas páginas é o único
Deus do Universo e que Cristo morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos
viver.
É claro que as provas não substituem
a fé, que é essencial para nossa salvação e comunhão com Deus. O estudo
apologético também não desrespeita a nossa fé. Em vez disso, a enfatiza,
qualifica, reforça e renova. Se não fosse assim, a Bíblia não diria
"Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir
a razão da esperança que há em vocês" (IPe 3.15).(...)
Como sabemos, os
obstáculos intelectuais normalmente são apenas uma desculpa para os
não-cristãos, mas, quando se remove a essência de suas desculpas, ficam
desprotegidos para confrontar seus obstáculos reais, seus verdadeiros demônios.
Creio que existe outra razão
importante para o mandamento bíblico "estejam preparados para responder".
Não é simplesmente para nos ajudar a comunicar de maneira eficiente o
evangelho, mas para equipar-nos com as ferramentas adequadas para resistir a
certas dúvidas persistentes que encontramos nos momentos de fraqueza. Isso
fortificará a nossa fé porque reunirá provas a favor do cristianismo.
Sem dúvida, precisamos estar
mais bem equipados com as evidências, seja para nos ajudar a evangelizar de
maneira melhor, seja para fortalecer a nossa própria fé. Como se já não
bastasse termos de lidar com as tentações da carne, também somos confrontados
diariamente com influências externas negativas. Essas influências ficaram cada
vez mais sinistras e insidiosas nos dias atuais, como a Bíblia advertiu que
aconteceria.
No passado, a dúvida dos
não-cristãos era se o cristianismo era a única religião verdadeira, se alguma
das outras religiões era verdadeira ou se Deus existia. Mas, de maneira geral,
eles não estavam sobrecarregados pelo fardo de determinar se havia a assim
chamada verdade.
Nossa cultura pós-moderna apresenta
uma série de idéias sobre a verdade.
Ela ensina que a verdade e a
moralidade são relativas, que não existe essa coisa de verdade absoluta. Para a
elite intelectual que domina as nossas universidades e os principais meios de
comunicação, essas idéias são consideradas sábias e progressistas, embora todos
compreendamos intuitivamente que existe uma verdade absoluta e, mais
importante, que todos conduzimos nossa vida baseados nesse reconhecimento.
Se você encontrar um desses
gênios, tão certos de que a verdade é um constructo social definido pelos
poderosos para que continuem no poder, pergunte se ele estaria disposto a
testar sua teoria pulando do topo do edifício mais alto da vizinhança. Você
também poderá fazer perguntas sobre a lei da não-contradição. Pergunte se ele
acredita que duas coisas contraditórias podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.
Se ele tiver a desonestidade intelectual de dizer "sim", então
pergunte sobre quão seguro está de que a verdade absoluta não existe. Estaria
ele absolutamente certo?
Sim, a verdade é uma vítima de
nossa cultura popular. Quando a verdade desaparece, a autoridade do evangelho
diminui, porque o evangelho diz tudo sobre a Verdade. Podemos ver evidência
disso em todos os lugares hoje. As noções atuais de "tolerância" e
"pluralismo" são um resultado direto do ataque direto por parte da
cultura à verdade.
Os secularistas liberais
insistem que a tolerância é a mais elevada virtude. Mas não dizem o que realmente
entendem por "tolerância”. Para eles, a tolerância não envolve
simplesmente tratar com respeito e civilidade aqueles que têm idéias
diferentes. Significa afirmar que suas idéias são válidas, algo que os cristãos
não podem fazer sem renunciar suas próprias crenças. Se, por exemplo, você
defende a posição bíblica de que o comportamento homossexual é pecaminoso,
então você não pode afirmar ao mesmo tempo que tal comportamento não é
pecaminoso.
O secularista pós-moderno não
aborda tais questões porque rejeita o conceito da verdade absoluta e da lei da
não-contradição. Ele simplesmente segue seu caminho dando lições de moral a
todos sobre tolerância e nunca explicando a contradição intrínseca de sua
visão.
Os mercadores da tolerância
são ainda mais expostos como fraudulentos quando verificamos que simplesmente
não praticam aquilo que pregam — pelo menos com aqueles cristãos chatos e
teimosos. Absolutamente não estão dispostos a "tolerar" a premissa
cristã de que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Para eles,
reconhecer isso seria necessariamente refutar seu conceito de tolerância, o
qual afirma que todas as idéias são do mesmo mérito. Em sua infinita
criatividade, encontram uma exceção para sua exigência de tolerância universal
quando a questão é lidar com cristãos.
Para eles, as prerrogativas da
verdade exclusiva do cristianismo estão simplesmente fora dos limites, algo que
chega a ponto de desqualificar os cristãos como pessoas dignas de receber a
tolerância dos outros. Um administrador de uma universidade secular, por
exemplo, disciplinou uma professora de posição conservadora por ter apresentado
a literatura à sua classe em uma concepção cristã, o que incluiu um artigo
sobre como os professores deveriam abordar a homossexualidade. O administrador
afirmou: "Não podemos tolerar o intolerável". Como se vê, é muito
fácil para esses tipos livrarem-se de suas posições indefensáveis. Eles
simplesmente mudam de lugar os marcos de referência. Isso é que é definir a
verdade por meio do poder!
Mas a crença que os cristãos
têm de que a sua religião é a única verdadeira não os faz ser intoleráveis com
as outras pessoas nem desrespeitosos ao direito que os outros têm de crer e
adorar da maneira em que optaram por fazê-lo. Nossa cultura atual está
tristemente confusa por causa dessa discriminação, e, assim, usam a confiança
que os cristãos têm em seu próprio sistema de crenças para pichá-los como
intolerantes para com aqueles que possuem um sistema de crenças distinto. Não
existe nada mais falso do que isso. Além do mais, apenas para registrar, o
cristianismo não é a única religião com afirmações exclusivas da verdade. Todas
as grandes religiões fazem tais afirmações. Muitas das idéias centrais das
principais religiões não podem ser reconciliadas, o que dá margem à última
mentira da moda que diz que, em seu cerne, todas as religiões são iguais.
É comum ouvirmos ou lermos que
todas os pessoas, em todos os lugares, adoram o mesmo Deus por meio de
diferentes linguagens e culturas. Essa idéia, com o devido respeito, é absurda
pelo que se apresenta. O islamismo, por exemplo, ensina que Cristo foi
simplesmente um profeta, e não uma divindade. Como observou C. S. Lewis, se
Cristo não é Deus, então não poderia ter sido um profeta exemplar ou um grande
professor de moralidade, pois ele afirmava ser Deus. Se não era quem dizia ser,
então ele era um mentiroso ou um lunático, e dificilmente um grande mestre de
moral ou profeta.
Outro exemplo bastante óbvio é
a afirmação de certas religiões orientais de que Deus está em tudo e que não
existe uma distinção clara entre o Criador e a criação, o que é totalmente
conflitante com o cristianismo. Os exemplos são infindáveis, mas a questão é
que, embora as várias religiões possam compartilhar de valores semelhantes,
muitas das crenças fundamentais não podem se ajustar. Fazer de conta que todas
as religiões são essencialmente as mesmas pode levar as pessoas a se sentirem
melhor, mas é muito fácil demonstrar que esse conceito é falso.
Mas o politicamente correto em
nossa cultura acaba sendo vitorioso. Até mesmo muitas de nossas igrejas se
corromperam com essas noções erradas de tolerância e pluralismo. Elas
permitiram que sua teologia se diluísse e que a autoridade das Escrituras fosse
denegrida em favor das idéias "evoluídas" que a sociedade tem sobre
moralidade. Somente uma versão de cristianismo que prega que todas as religiões
são iguais é tolerante e amorosa. Tradicionalmente, o cristianismo fundamentado
na Bíblia é intolerante, insensível, exclusivo e não amoroso.
Portanto, até que ponto ser
amoroso é tornar-se cúmplice da destruição da própria verdade, a ponto do
esvaziamento do evangelho? Ser sensível é ajudar as pessoas a se afastarem do
caminho da vida? Como cristão, de que maneira se pode explicar a decisão de
Cristo voluntariamente se submeter à indignidade e à humilhação da forma humana,
a experimentar a total separação do Pai, a fisicamente aceitar toda a ira real
do Pai pelos pecados do passado, do presente e do futuro de toda a humanidade e
sofrer o indescritível tormento e morte na cruz se todos os outros caminhos
levam igualmente a Deus? Que imensurável afronta à obra completa de Cristo na
cruz! Que ato de deliberada desobediência às orientações de Cristo para que
levemos o evangelho a todos os cantos da Terra! Pois se todas as religiões são
iguais, então tornamos Cristo mentiroso e consideramos sua Grande Comissão uma
farsa inútil, porque removemos todo o incentivo para evangelizar.
Não estou sugerindo que os
cristãos devam abordar a questão da evangelização de maneira vociferante e
desrespeitosa. Certamente devemos honrar os princípios de que todas as pessoas
são iguais diante de Deus e dignas de igual proteção da lei, assim como de
tratamento justo, cortês e respeitosa. Mas não existe um imperativo moral que
nos diga que devamos adotar a idéia de que todos os sistemas de crenças são
igualmente verdadeiros. Existe um imperativo moral para que não façamos isso.(...)
DAVID LIMBAUGH
Prefácio do Livro: Não Tenho fé suficiente para ser ateu,
de Norman Geisler & Frank Turek
Prefácio do Livro: Não Tenho fé suficiente para ser ateu,
de Norman Geisler & Frank Turek
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