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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A fuga do mal






A Bíblia, em inúmeras passagens, alerta sobre a fuga do mal, sendo célebre a advertência do Livro do Eclesiástico: “Quem ama o perigo nele perecerá” (Ecl 3,25). Cristo desceu a detalhes e, na verdade, com palavras veementes como estas: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na vida sem uma das mãos do que, tendo as duas ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga” (Mc 9,43). Num contexto hedonístico como o de hoje tais diretrizes deveriam calar fundo no espírito dos que desejam salvar sua alma, pois se multiplicam as ocasiões de pecado e o laxismo ético leva às maiores aberrações. Por força dos programas imorais televisivos, de artigos que afrontam a moral evangélica em livros, jornais e revistas, pela maldade que campeia por toda parte, as consciências vão ficando poluídas, os corações maculados.

Procuram-se explicações para justificar condutas inteiramente contrárias aos dez mandamentos da Lei do Senhor. O Filho de Deus, aliás, acrescentou: “É melhor entrar no reino de Deus com um olho só do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga”. Sites pornográficos na internet têm feito um mal devastador, sobretudo para os adolescentes que se vêem induzidos a práticassexuais que vão às raias da mais lamentável tara, horrípila degeneração, animalesca depravação. Um sem número de vozes iluminadas têm clamado por um código de ética, apresentando juízos retos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal.

A libertinagem, infelizmente, impera e a dissolução dos costumes, mormente, atinentes à vida familiar vão levando de roldão inúmeros para aquela condenação eterna a que Jesus se referiu. Pior ainda quando pessoas que se entregam aos vícios mais desnaturados e ainda têm coragem de receber a Comunhão como se fossem anjos de Deus! Nunca é demais insistir que o Ato Penitencial, no início da Missa, não apaga pecados mortais, como alguns espíritos desavisados têm propalado, aumentando ainda mais os sacrilégios. Por tudo isto, cumpre se firme o princípio de que sem a fé, infalivelmente, o cristão resvala para a noite tenebrosa do pecado. Este é o maior mal que pode ocorrer para o ser racional. É a trágica aventura daquele que se torna incapaz de vencer a si mesmo e às invectivas do Maligno. Infeliz daquele que, imerso na treva, não se inquieta mais.

Com efeito, o remorso ou a inquietação da consciência, são um apelo divino para a regeneração do pecador. Pecar é estabelecer uma ruptura com a verdadeira vida. O poeta bem se expressou quando asseverou que “mortos não são aqueles que jazem na tumba fria; mortos são aqueles que têm morta a alma e vivem todavia”! A Bíblia ao narrar a queda edênica mostrou as conseqüências funestíssimas do pecado (Gên 3,1-6). Causou uma catástrofe para toda a humanidade. O que não se pode esquecer é que o pecado provoca rupturas. Em primeiro lugar no próprio ser humano, uma vez que introduz uma desordem interior. Esta é resultado da ruptura com Deus (Gên 3,10). A intimidade de filhos para com o Pai se desfaz e a desilusão tende a ser afogada em novas faltas ou no desvario das drogas, da bebida ou outros crimes. Segue-se a ruptura com o mundo em que se vive.

A falta de sensibilidade espiritual conduz à agressão à natureza, ao meio ambiente em geral, à agitação social. Ruptura ainda com a felicidade perene da eternidade, como Cristo deixou bem claro. As rotas que conduzem ao Ser Supremo ficam obstruídas (Gên 3,24)..A marcha macabra da morte e do pecado prossegue através dos tempos causando transtornos, turbulências e é uma situação, de fato, agravada neste início de milênio. O homem de hoje se mostra ainda mais orgulhoso e, petulantemente, quer enfrentar o Criador, se julgando mais sábio do que Ele ao desprezar o Decálogo, que é o único roteiro que leva à verdadeira felicidade. Deste modo, se multiplicam as ocasiões de pecado.
 
O cristão verdadeiro, porém, espera no seu Redentor que pôde afirmar : «Eu venci o mundo » !(Jo 16,33) Deste modo não desanima e emprega sempre as « armas da luz » de que fala o Apóstolo Paulo (Rm 13,12).

Este aconselha : «Andemos dignamente como convém em pleno dia, não em bacanais e comezainas, nem em lascívias e em impudicícias, nem em contendas e no ciúme. Mas revesti-vos do Senhor Nosso, Jesus Cristo, e não queiras afagar a carne, satisfazendo-lhes as cupiedezes. (Idem 13-14). Para isto é preciso a prece, o jejum e a penitência para o triunfo nesta pugna constante contra o mal.

Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana - MG

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