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A Igreja dispõe, pois, de sacramentais e de sacramentos para prevenir toda a ação ligada ao espiritismo e à feitiçaria. É indubitável que aquele que traz consigo, com fé, uma medalha da Virgem, bloqueia antecipadamente toda a ação ligada a estes fenómenos (exceto se for o próprio Deus que envie o demónio para fazer crescer uma pessoa). Os adeptos do espiritismo conhecem tão bem estas propriedades dos sacramentais, que tomam sempre a precaução de se assegurarem da sua ausência, antes de começarem as invocações. Os adeptos da feitiçaria sabem que lhes é impossível fazer mal a um crente. Apesar disso, os casos de fenómenos demoníacos permanecem numerosos. Multiplicam-se mesmo nos países ocidentais, na medida em que a prática religiosa diminui. Todas as dioceses de França dispõem, desde há alguns anos, do seu exorcista oficial.
Entre os fenómenos satânicos, a Igreja distingue a tentação, a obsessão e a possessão.
Habitualmente, o demónio limita-se a atacar o homem, tentando-o, quer dizer, agindo sobre as suas paixões, para o levar a cometer más ações. É excessivo dizer, bem entendido, que todas as tentações que nos assaltam vêm do demónio, mas é igualmente falso dizer que nenhuma delas não o têm como origem. Esta pequena história, relatada pelos primeiros Padres do deserto, pode esclarecer-nos teologicamente sobre a acção oculta do demónio pela tentação: um monge viu em sonho um dos seus irmãos. Este era conhecido pela sua santidade e representava um modelo para todos. Ora, a sua cela estava rodeada por um exército de demónios de todos os feitios, que ganiam, gritavam, batiam, para o arrancar à oração. O monge permanecia, no entanto, impassível, mergulhado em Deus. Viu de seguida uma grande cidade. As pessoas agitavam-se em todos os sentidos, vendendo e comprando, comendo e bebendo, rindo e chorando. À porta da cidade, um demónio gordo estava sentado, e fazia a sesta. Parecia aborrecer-se muito. O monge, muito admirado, foi ter com ele, e perguntou-lhe: “Como é possível que sejas o único demónio para esta cidade imensa, enquanto milhares dos teus semelhantes estão com o monge, lá em baixo?”
O demónio respondeu-lhe: “Não temos necessidade de trabalhar nesta cidade. Os homens têm ocasiões suficientes para serem tentados!”
Face à tentação do demónio, a Igreja propõe, antes de mais, a oração (quer seja silenciosa ou sacramental), como a missa e o jejum.
A obsessão representa uma forma maior de tentação. Dois tipos de pessoas são vítimas. Pode atingir os homens de Deus, cuja santidade particular conseguiu resistir aos ataques da tentação. Pode atingir também os imprudentes, que namoraram com o espiritismo ou com a feitiçaria. A obsessão é, por vezes, externa, quando atua sobre os sentidos exteriores, através de aparições, vozes, pancadas ou, ainda, objetos deslocados. Por estes meios, o demónio tenta assustar as suas vítimas, para as desviar da prática da Caridade ou, pelo contrário, tenta seduzi-las, para as atrair ao mal. Conta-se que St. António do deserto, foi obcecado pelo demónio que lhe aparecia sob a forma de cortesãs. Foi capaz de resistir onde todos os homens teriam caído. A obsessão é, a maioria das vezes, interna. Podemos dizer que não existe praticamente obsessão externa, que não seja acompanhada deste tipo de tentações poderosas. Neste caso, o demónio atua sobre os sentidos interiores, imaginação, memória, e sobre as paixões, para as excitar. Como que apesar de si mesmo, é-se invadido por imagens importunas, obcecantes, que persistem apesar dos esforços enérgicos para as afastar. A pessoa sente-se tomada pelo fervilhar da cólera, pelas angústias do desespero, por movimentos instintivos de antipatia ou, pelo contrário, por ternuras perigosas, e que nada parece justificar. Sem dúvida que é difícil estar seguro da presença de uma verdadeira obsessão, mas quando as tentações são ao mesmo tempo súbitas, violentas, persistentes e difíceis de explicar por uma causa natural, podemos ver aí uma ação especial do demónio. Em caso de dúvida, é bom consultar um psicólogo cristão, que possa examinar se estes fenómenos não são devidos a um estado mórbido do âmbito da medicina.
Se a obsessão diabólica é moralmente certa ou muito provável, a pessoa que é vítima deve ser rodeada e sustentada pela oração e afeição de todos. A Igreja dispõe, além disso, de orações e de pequenos exorcismos, que prefere aplicar sem que as pessoas saibam, para não as perturbar.
A possessão demoníaca vai mais longe, uma vez que é uma tomada de controle pelo demónio, sobre o corpo da pessoa. O demónio não se une ao corpo como a alma está unida ao corpo, mas como um motor externo que atua sobre os membros e fá-los executar toda a espécie de movimentos.
Excepto casos muito raros de possessões satânicas permitidas por Deus para a maior glória de um santo, uma possessão não acontece nunca por acaso. É sempre precedida por uma imprudência ou maldade dos homens, que apelam para o serviço dos anjos revoltados.
Naquela tarde, um grupo de jovens tinha decidido festejar a proximidade do seu bacharelato com uma reunião na casa de um deles. Eram uma quinzena e, chegava a noite ao fim, quando um deles teve a ideia de organizar um sessão de espiritismo. Colocaram um copo no meio de uma mesa, dispuseram as letras e aprontaram-se, cada um colocando o dedo por cima do copo. Depois de terem invocado um espírito, aperceberam-se da sua vinda, porque o copo pôs-se a mexer. Várias perguntas foram feitas. A idade da irmã mais nova, os futuros resultados do bacharelato, o número de filhos que teriam. De cada vez a resposta caía, e todos se sentiam obrigados a encantar-se com o fenómeno. Nesse momento, um dos jovens pediu: “Espírito, se estás aí, tenta falar através de um de nós”.
Assim que foi pronunciada esta frase, uma das jovens do grupo pareceu imobilizar-se, e ficou completamente pálida. O rosto tomou uma expressão que lançou o pânico em toda a assembleia. Diante deste rosto de morte, rapidamente o grupo debandou. A casa ficou vazia com a única presença da rapariga, que não se tinha mexido. Um dos rapazes, testemunha desta cena, relatou-me o pavor que experimentou ao sair da casa e ao lançar um olhar para a janela do primeiro andar. Viu o rosto branco da sua camarada que o olhava fixamente. No dia seguinte de manhã, a jovem não se lembrava de nada. Felizmente para ela, a possessão de que foi vítima naquela noite, não foi senão pontual.
É ainda à imprudência que se deve este caso de possessão muito célebre na Igreja, mas esta imprudência foi acompanhada da malevolência de um feiticeiro de aldeia. Uma mulher jovem, afetada por problemas de saúde, tinha feito tudo o que podia junto de diversos juntas médicas, para ser aliviada. Nada a tinha podido curar e, em desespero de causa, o marido teve a ideia de a levar a um curandeiro. Da primeira vez, acompanhou-a. O curandeiro praticou à mulher vários passes magnéticos. Ao voltar para casa, experimentou um certo alívio das dores. Decidiu voltar a casa do homem, que era o único, até aqui, a ter tido uma real eficácia sobre a doença. Cada sessão trazia uma melhoria, ao ponto do casal não olhar a despesas. No entanto, ela deu-se conta que o curandeiro se aproveitava da ausência do marido, para se fazer cada vez mais ousado para com ela. Acabou por abrir o jogo e pedir-lhe que se tornasse sua amante. Partiu com estrondo e o curandeiro anunciou-lhe que iria arrepender-se da sua recusa. Efetivamente, alguns dias mais tarde, as dores voltaram, tão fortes como antes. Depressa se juntaram violentas dores de cabeça. O casal teve de partir de novo à procura de médicos e especialistas. Alguns meses mais tarde, a doença não só tinha piorado, mas tinha-se-lhe juntado perturbações psicológicas. A mulher permanecia prostrada por momentos, noutras alturas, estava sobreexcitada. Exteriormente, assemelhava-se a uma psicose maníaco-depressiva. A vida em comum tornava-se cada vez mais difícil, e o pobre homem perguntava-se muitas vezes, como é que aquilo ia acabar.
Um dia, ouviu em casa um canto melodioso. Era parecido com uma melodia de ópera. Foi à procura e encontrou a mulher, de olhar fixo, a cantar com uma voz que não era a sua. Outros fenómenos deste género apareceram: por momentos, recitava um longo discurso em línguas que lhe eram absolutamente desconhecidas, dava saltos nas salas, ao ponto que se podia dizer que voava. Entre duas crises, parecia esgotada e desamparada, não se lembrando de nada.
Através dos conselhos de um cristão, o homem decidiu pedir conselho a um exorcista oficial da Igreja católica. Descreveu-lhe os sintomas, e o padre confirmou-lhe que se tratava de um caso de possessão demoníaca. Não quis pronunciar-se definitivamente antes de a ver e de ter tentado sobre ela o grande exorcismo.
Chegado o dia, foram precisos quatro homens para dominar a mulher, que tinha entrado numa crise terrível. Tiveram de a amarrar a uma cadeira, na sacristia da igreja. Apenas o padre tinha começado as suas orações que a crise se tornou mais violenta. O corpo era tomado por convulsões, ao passo que a voz, proferia insultos, num tom que lhe não era natural.
A litania dos santos terminou neste clima. O ritual do grande exorcismo prevê, então, um interrogatório, à maneira como o próprio Jesus praticava no Evangelho. Ao interrogatório insistente do exorcista, uma voz grave, uma voz de homem fez-se ouvir, confirmando a realidade de uma verdadeira possessão demoníaca.
No decurso das sessões seguintes, soube-se que vários demónios habitavam o corpo da pobre mulher. Tinham sido mandatados pelo curandeiro, que era na verdade adepto da feitiçaria. Este desejava vingar-se de um ultraje que nunca tinha conseguido perdoar (sem dúvida, a recusa oposta pela mulher aos seus avanços). O Grande exorcismo da Igreja começa, pois, pela oração, continua-se por um interrogatório e termina pela expulsão do demónio. Para alcançar este objetivo, a Igreja põe à disposição do padre mandatado, o poder dos sacramentais. Trata-se, bem entendido, de água benta, mas também de palavras como estas:
“Em nome de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sai desta mulher!”
“Em nome da Virgem Maria, sai desta mulher!”
No caso que nos ocupa, todo este poder empregue, arrancava aos demónios gritos de dor, mas recusavam-se a partir. Foi preciso praticar o exorcismo durante mais de dois anos. Depois de cada sessão, a mulher sentia-se melhor, até ao dia em que era preciso recomeçar. O demónio, nos últimos tempo, mostrava-se cada vez mais fraco. Acabou por confessar que queria sair, mas que não podia, porque se tinha comprometido com o feiticeiro por um pacto escrito. A justiça de Deus mantinha-o fiel a esse pacto, até que ele fosse destruído pelas mãos do feiticeiro. Foi preciso esperar que o feiticeiro se decidisse a queimar esse papel, coisa que ele fez. Sem dúvida foi levado a isso pelo próprio demónio que, cansado de enfrentar a Igreja, se voltou contra aquele que o tinha enviado.
Este caso de possessão, extremamente grave nas suas consequências, confirma mais uma vez a prudência que é preciso ter antes de consultar um curandeiro.
O ministério de exorcista está atualmente reservado na Igreja a um sacerdote, cuja fé, a prudência e a ciência teológica, são reconhecidas por todos. Recebe a sua jurisdição (quer dizer, a faculdade de exercer o seu poder de exorcismo sobre alguém) das mãos do bispo. É proibido a qualquer outro senão ele, seja padre ou leigo, tomar a iniciativa de praticar o grande exorcismo. Desde há algumas dezenas de anos, a Igreja proíbe mesmo a prática dos pequenos exorcismos a todo aquele que não recebeu mandato. Agindo assim, a Igreja não procura senão proteger os imprudentes que não sabem a que poder se opõem. A profissão de exorcista é perigosa, como testemunham os Atos dos Apóstolos: “Deus operava pelas mãos de Paulo, milagres pouco vulgares, a tal ponto que bastava aplicar sobre os doentes, lenços ou panos que tinham tocado o seu corpo: então, as doenças deixavam-nos e os espíritos maus iam-se embora. Ora, os poucos exorcistas judeus ambulantes, tentaram também pronunciar o nome do Senhor Jesus sobre aqueles que tinham espíritos maus. Diziam: ‘Conjuro-vos por esses Jesus que Paulo proclama’. Havia sete filhos de Seca, um sumo sacerdote judeu, que agiam assim. Mas o espírito mau replicou-lhes: ‘Jesus, conheço-o, e Paulo, sei quem é. Mas vocês, quem sois vós?’ E lançando-se sobre eles, o homem possuído pelo espírito mau, dominou-os a todos e maltratou-os, de tal forma que escaparam daquela casa nus e cobertos de feridas. Todos os habitantes de Éfeso, Judeus ou gregos, souberam do facto. O temor, então, tomou-os a todos e o nome do Senhor Jesus foi glorificado”.
O exorcista oficial da Igreja, revestido da autoridade do próprio Deus, é semelhante a S. Paulo, não tem nada a temer pela sua vida. O exorcista amador não dispõe de nenhuma garantia senão a de si próprio, o que é bem pouco face ao mundo das Trevas.
A ciência teológica do exorcista deve ser suficientemente precisa para lhe permitir discernir as obsessões e as possessões, das múltiplas doenças psicológicas que se lhes assemelham e podem ser confundidas: paixões/tentação, neuroses/obsessão, psicoses/possessão. A acção do demónio não se manifesta sempre por sinais tão evidentes como os que apareceram no caso desta jovem mulher. É bem evidente que fatos, como falar uma língua estrangeira, exprimir-se com uma voz que não é a sua, voar nos ares, sugerem a presença de um poder supra-natural. Mas, antes de chegar aí, a mulher sofreu durante dois anos de simples dores de cabeça, depois, de uma neurose maníaco-depressiva. O Evangelho confirma que certas doenças bem conhecidas pela medicina, têm por vezes uma causa que não é natural. Fala de endemoninhados surdos-mudos, que Jesus cura por exorcismo, mas também de doenças análogas que Jesus cura sem que seja feita menção do demónio (o cego de nascença, por exemplo). O mundo das doenças parapsicológicas está situado no cérebro do homem, domínio onde os espíritos são peritos. Se é excessivo, e portanto falso, atribuir toda a doença psicológica ao reino dos demónios, não está no entanto excluído que algumas delas, semelhantes às outras, se destinem ao exorcista, sobretudo se pudermos provar que foram precedidas por práticas ligadas ao espiritismo ou pela frequentação de um mágico.
Certos testes permitem formar uma opinião determinante. Sabendo da repulsa dos demónios por tudo o que diz respeito a Deus, os exorcistas espreitam nos doentes que os vêm consultar, certos sinais, como a repulsa em entrar numa igreja, em tocar numa bíblia ou num crucifixo.
Um homem, pretendendo-se possuído, veio consultar um exorcista da Igreja. Para verificar o que dizia, o padre vendou os olhos do homem. Aspergiu-o então com água da torneira. O homem deve ter pensado que se tratava de água benta, porque se pôs a retorcer-se como se estivesse a sofrer grandes dores. A linha era muito grossa para que o padre se deixasse apanhar. O caso era mais do domínio do psicólogo, que do seu ministério. Aquando de uma verdadeira possessão, é evidente que o demónio distingue um sacramental de um objecto profano.
Que um doente reaja em face dos objetos santos da Igreja, não prova nada, mas convida à prudência. Muitas pessoas são alérgicas à Igreja, sem que por isso estejam possuídas!
O grande exorcismo pratica-se sempre num clima de oração e de penitência, segundo esta palavra de Jesus: “Certos demónios não saem senão pela oração e pelo jejum”.
São admitidas testemunhas para assistir o sacerdote pela oração e pela ajuda material (é preciso por vezes agarrar o possuído). Se bem que não utilize senão o poder da Igreja, o exorcista deve ser também homem de fé, para não merecer esta reprimenda de Jesus: Os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram-lhe: “Porque não conseguimos expulsar o demónio? Porque tendes pouca fé. Porque, digo-vos, se tivésseis fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis àquela montanha: desloca-te daqui para acolá e ela se deslocaria, e nada vos seria impossível”.
Se acontece, por vezes, que o demónio resista ao mais santo dos exorcistas, não pode ser senão por permissão de Deus, que tirará daí um bem preferível. No caso relatado no início deste capítulo, foi, para a mulher vítima do demónio e para o marido, um retorno definitivo à oração e à prática religiosa: Para o feiticeiro, uma ocasião de experimentar o perigo da vingança (uma vez que sofreu, por sua vez, os ataques do demónio).
Diante da multiplicação de casos de possessão, um comércio de pseudo-exorcistas multiplicou-se em França, nestes últimos anos. Certas reportagens televisivas, mostraram-nos mesmo um homem, que se intitula o “Papa dos Luciferinos”, a exorcizar uma mulher. Será possível que o demónio expulse o demónio?
O Evangelho responde com clareza a esta questão: acusavam Jesus de expulsar os demónios pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demónios. Ele respondeu aos seus detratores: “Todo o reino dividido contra si mesmo, é devastado, e as casas caem uma sobre as outras. Se Satanás se dividiu contra si mesmo, como se manterá o seu reino, uma vez que dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demónios?”
O demónio não pode expulsar outro demónio, seria ilógico. No entanto, alguns afirmam ter sido aliviados do mal de possessão devido a um feiticeiro, pelo poder de um outro feiticeiro mais forte que o primeiro. Este caso é mesmo tão frequente, que alguns preferem a eficácia de tais homens, à dos sacerdotes da Igreja.
É preciso responder que a saída do demónio não é senão aparente. Ao aceitar libertar o corpo de uma pessoa, o espírito do mal manifesta o seu poder e suscita a admiração daquele que é beneficiário. Não perde nada com a troca: a sua influência, em vez de permanecer limitada ao corpo, pode então estender-se directamente à inteligência subjugada. Obtém assim facilidades muito maiores, para conduzir a pessoa para longe de Deus e do seu amor.
O demónio atua do mesmo modo que certos homens habilidosos, quando quer seduzir. Não hesita em fazer acreditar que liberta de um perigo, enquanto que é ele mesmo que, em segredo, suscitou esse perigo.
Antes de concluir, uma última observação é necessária: como o anjo mau, o anjo bom é capaz de tomar posse do corpo humano. A vida de alguns santos está cheia destes fatos. S. Vicente Ferrier, por exemplo, não passava de um pequeno homem apagado e curvado. Mas, quando tinha de tomar a palavra, era possuído duma força, que o tornava poderoso ao ponto de entusiasmar as multidões. Santa Mariam Bonard, depois de ter tido que sofrer de uma possessão demoníaca, foi possuída por um anjo de luz, que tornava o seu rosto luminoso, e proferia pela sua boca salmos dignos do rei David. Tais possessões, como tudo o que vem de Deus, não se provocam pela vontade. São dons gratuitos, concedidos para o bem de toda a Igreja àqueles que, por vezes, menos o esperavam.
Conclusão: Não fizemos senão aproximar-nos do mundo dos espíritos. Muitos outros fenómenos foram descritos por teólogos, e os relatos dignos de fé não faltam. A história da Igreja não acabou, e as profecias bíblicas não deixam de nos pôr em alerta contra uma multiplicação de fenómenos e prodígios que precedem o fim do mundo.
Arnaud Dumouch, 1988
Tradução: Maria do Carmo Silva, 2005
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