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sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Semeador, a Semente e os Solos



               
"Jesus dirige-se à multidão com a célebre parábola do semeador. Trata-se de uma página de certo modo «autobiográfica», porque reflecte a própria experiência de Jesus, da sua pregação: Ele identifica-se com o semeador, que difunde a boa semente da Palavra de Deus, e dá-se conta dos vários efeitos que ela alcança, segundo o tipo de acolhimento reservado ao anúncio. Há quem ouve superficialmente a Palavra, mas não a acolhe; há outros que a recebem no momento, mas não têm constância e perdem tudo; há depois aqueles que são dominados pelas preocupações e seduções do mundo; e há enfim quantos ouvem de modo receptivo, como o terreno bom: aqui a Palavra produz fruto em abundância."
                                                     PAPA BENTO XVI; Oração do Angelus,Castel Gandolfo, 10/07/2011


                                                                                                                                                 
   

                                        Leitura: Mt 13, 1-23
1. Naquele dia, Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. 
2. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. 
3. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: “O semeador saiu para semear.  
4. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. 
5. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. 
6. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. 
7. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. 
8. Outras caíram em terra boa e produziram frutos: uma cem, outra sessenta, outra trinta. 
9. Quem tem ouvidos, ouça!” 
10. Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: “Por que lhes falas em parábolas?” 
11. Ele respondeu: “Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não.  
12. Pois a quem tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas a quem não tem será tirado até o que tem.  
13. Por isto eu lhes falo em parábolas: porque olhando não enxergam e ouvindo não escutam, nem entendem. 
14. Deste modo se cumpre neles a profecia de Isaías: ‘Por mais que escuteis, não entendereis, por mais que olheis, nada vereis. 
15. Pois o coração deste povo se endureceu, e eles ouviram com o ouvido indisposto. Fecharam os seus olhos, para não verem com os olhos, para não ouvirem com os ouvidos, nem entenderem com o coração, nem se converterem para que eu os pudesse curar’. 
16. Felizes são vossos olhos, porque vêem, e vossos ouvidos, porque ouvem! 
17. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram. 
18.“Vós, portanto, ouvi o significado da parábola do semeador. 
19. A todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração; esse é o grão que foi semeado à beira do caminho. 
20. O que foi semeado nas pedras é quem ouve a palavra e logo a recebe com alegria; 
21. mas não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega tribulação ou perseguição por causa da palavra, ele desiste logo. 
22. O que foi semeado no meio dos espinhos é quem ouve a palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a palavra, e ele fica sem fruto. 
23. O que foi semeado em terra boa é quem ouve a palavra e a entende; este produz fruto: um cem, outro sessenta e outro trinta”.



"Jesus ensina através de parábolas, que contém elementos da cultura da época, com a finalidade de ilustrar verdades espirituais. A história do semeador é uma das mais importantes parábolas contadas por Jesus. Esta história fala de um homem que lançou sementes em vários lugares com diferentes resultados, dependendo do tipo do solo.
A importância desta parábola é salientada por Jesus em Marcos 4,13: “Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas?” Jesus está dizendo que esta parábola é fundamental para o entendimento das outras. Esta é uma das três únicas parábolas registradas em mais do que dois evangelhos (também em Mc 4, 1-20 e Lc 8, 4-15) e é uma das únicas que Jesus explicou especificamente.
Precisamos meditar cuidadosamente nesta história:
Alguém ensina as Escrituras a várias pessoas; a resposta dessas pessoas depende do estado do coração delas, isto é, de sua atitude. Consideremos o semeador, a semente e o solo.

1. O Semeador
O trabalho do semeador é colocar a semente no solo. Uma vez que a semente for deixada no celeiro, nunca produzirá uma safra, por isso seu trabalho é importante. Mas a identidade pessoal do semeador não é. Sabemos que o semeador por excelência é Cristo. Mas o semeador nunca é chamado pelo nome nesta história. Nada nos é dito sobre sua aparência, sua capacidade, sua personalidade ou suas realizações. Ele simplesmente põe a semente em contato com o solo. A colheita depende da combinação do solo com a semente.
Aplicando-se espiritualmente, os seguidores de Cristo devem estar ensinando a Palavra. Quanto mais ela é plantada nos corações dos homens, maior será a colheita. Mas a identidade pessoal do semeador não tem importância. “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento” (I Cor 3, 6-7).

2. A Semente
A semente é a Palavra de Deus. Cada conversão é o resultado do assentamento do evangelho dentro de um coração puro. A palavra gera (cf. Tg 1, 18), salva (cf. Tg 1, 21), regenera (cf. I Pd 1, 23), liberta (cf. Jo 8, 32), produz fé (cf. Rm 10, 17), santifica (cf. João 17, 17) e nos atrai a Deus (cf. Jo 6, 44-45). Como o Evangelho se espalhava no primeiro século, foi-nos dito muito pouco sobre os homens que o divulgaram, porém muito nos foi dito sobre a mensagem que eles disseminaram (estudando o livro de Atos notamos que em cada cidade para onde os apóstolos viajaram, os homens eram convertidos como resultado da Palavra que era ensinada). A importância das Escrituras deve ser ressaltada ao máximo.
Uma safra sempre depende da natureza da semente, não do tipo da pessoa que a plantou. Um pássaro pode plantar uma castanha: a árvore que nascer será um castanheiro, e não um pássaro. Isto significa que o semeador tem que ensinar a Palavra, não procurar adeptos para si, mas conduzir as pessoas a Deus.
O fruto produzido depende da resposta à Palavra. É decisivamente importante ler, estudar e meditar sobre as Escrituras. A Palavra tem que vir habitar em nós (cf. Cl 3, 16), para ser implantada em nosso coração (cf. Tg 1, 21). Temos que permitir que nossas ações, nossas palavras e nossas próprias vidas sejam formadas e moldadas pela palavra de Deus.

3. Os Solos
É perturbador notar que a mesma semente foi plantada em cada tipo de solo, mas os resultados foram muito diferentes. A mesma Palavra de Deus pode ser plantada em nossos dias; mas os resultados serão determinados pelo coração daquele que ouve.
O Evangelho nunca transformará corações que não lhe permitem entrar. Precisamos desenvolver nossas raízes por meio de fé em Cristo e de estudo da Palavra cada vez mais profundo.
A parábola termina falando que há o bom solo que produz fruto. E isto é o que nos dá esperança e ânimo para continuar plantando as sementes do Reino.

Para refletir:
1. Ao lançar suas sementes, qual a sua maior preocupação: com o semeador (você) ou com a semente (a Palavra?)

2. Que espécie de solo você tem encontrado em sua semeadura? Que espécie de solo você é?"
Pe. Juarez Dalan – Paróquia São Benedito

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