Muitas pessoas não sabem que, na Igreja, a festa da Páscoa dura até ao Pentecostes (festa do Espírito Santo). Nesse tempo, 7 semanas, vive-se e celebra-se em cheio a Ressurreição do Senhor. Ela é o fato “transcendente” do Cristianismo. A ideia de ressurreição não existia nos inícios dos tempos bíblicos no Antigo Testamento. Com raízes nos gregos, ela apareceu nos tempos próximos de Cristo. Mas havia muita gente que não alinhava. A outros causava problemas, inclusivamente aos próprios discípulos d’Ele. Conta-nos S. Marcos que, quando três deles desciam do Monte da Transfiguração, discutiam uns com os outros: “o que será ressuscitar dos mortos…”.
E, pelos tempos acima, tem havido sempre alguém que tem problemas quando a esse fato. Na nossa atualidade não faltam os que, embora sem justificação adequada, simplesmente negam a possibilidade da ressurreição. Geralmente são pessoas demasiado subjugadas ao que é imediato, ao que é fácil de compreender; geralmente não têm abertura para o que está para além das suas ideias, isto é, das suas “categorias mentais”. Estas são ideias que a mente adquire e possui sobre qualquer assunto. Mais, normalmente estas e outras pessoas são muito inclinadas a negar o que lhes não “cai” bem. E, em regra, têm tendência para “estar contra”…Encontramos gente dessa em muitos sectores do conhecimento, por exemplo, nas aulas… Hoje há muitas mentes refractárias…
Convém acentuar que os próprios que andaram com Cristo, não estavam abertos para estes fatos, e só cederam perante a imposição d’Ele, vivo, depois de estar morto…
Neste assunto, como em qualquer assunto histórico, há fatos que invariavelmente revelam outros fatos passados… Um deles é a presença de dados conhecimentos em pessoas e grupos de confiança, que estiveram em contacto com os acontecimentos iniciais.
Foi o que se deu com a ressurreição de Cristo. Desde o princípio ela está presente como facto fundamental nas consciências cristãs. É uma realidade que se impõe como essencial nos ambientes cristãos, logo na primeira metade do séc. 1º. Todos sabem que Jesus foi condenado, crucificado e sepultado, mas que ressuscitou ao 3º dia, e continua vivo.
Esta consciência encontra-se em todas comunidades cristãs desde o início, e aparece em todos os escritos igualmente desde o início. Os detalhes encontram-se nos Evangelhos. Estes não foram os primeiros escritos cristãos. Porém são resumos das catequeses daquele tempo. Por isso são provas do que aquela gente sabia.
Os primeiros escritos foram algumas cartas e S. Paulo. Elas estão cheias de referências à ressurreição d’Ele. Note-se que as referências significam que toda a gente sabe. Caso contrário dão-se informações a quem não sabe. Mas não é o que se passa com a ressurreição… Nesses escritos de Paulo há uma passagem célebre e profundamente significativa. Em Corinto houve alguém que negava a ressurreição das pessoas. Paulo combate a ideia e vai buscar, como prova, a ressurreição de Cristo, da qual ele próprio foi também informado. Recorde-se que Paulo entrou no Cristianismo depois de ter sido perseguidor: “transmiti-vos o que eu próprio recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou ao 3º dia, e apareceu a Cefas (Pedro).
Então refere-se a uma aparição que nenhum outro texto contem. Aliás sabe-se que a ressurreição de Cristo era tão presente, que ninguém teve o cuidado de organizar uma resenha completa das aparições.
A aparição em referência foi esta: “depois apareceu a mais 500 irmãos duma só vez, a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns já morreram”. Recorde-se também que os seguidores de Cristo foram essencialmente gente jovem, pelo que 25 anos depois, altura desta carta, era natural que muitos vivessem ainda.
Como dito, as cartas de Paulo estão cheias de referências à ressurreição d’Ele. Vamos citar só mais uma passagem da Carta aos Romanos (cap.6 ): “pois sabemos que Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre”. Aliás, neste cap. 6, Paulo expõe a profundidade do Batismo como integração do batizado na morte de Cristo, para passar à sua ressurreição.
Só mais uma referência, agora dos Atos dos Apóstolos, “livro” de experiências da Igreja nascente… Logo no início diz-se: “ a eles (apóstolos) também apareceu vivo depois da sua paixão, e deu-lhes inúmeras provas com as suas aparições durante 40 dias, e com o que lhes dizia a respeito do Reino de Deus…”
É a tal consciência generalizada que se impõe…
por Caetano Tomaz







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