Tradutor

terça-feira, 13 de março de 2012

Já foste à Missa?

                        

Porque no dia em que escrevo esta crónica é Domingo, vou fazer aqui uma afirmação que nos dias de hoje pode soar estranha e desconhecida. Vamos à Missa. - Já foste à Missa? - Sim, vou sempre à das 10 horas. Costume antigo que ainda hoje vai tendo continuidade em algumas famílias e/ou pessoas singulares. E que sabia tão bem! Chegava-se a casa com o coração leve e a segurança de Alguém a velar por nós noite e dia, ao longo da semana, dos meses, dos anos. E, curiosamente, dava-nos força e éramos pessoas menos tristes e mais valentes. Isto vem a propósito da importância que tinha este dia da semana, da função que desempenhava nas relações do casal e dos filhos pequenos e jovens e na mensagem do Evangelho que aquecia o dia e se prolongava no tempo até ao Domingo seguinte. Na casa dos meus pais até a refeição era “melhorada”. Sem os exageros actuais que começam a aproximar-se dos repastos romanos sórdidos, mas sempre cuidadosamente preparada pela minha querida mãe - uma cozinheira de excelência, como hoje é a minha filha - sem faltar a sobremesa simples e deliciosa que era o arroz doce. Vivia-se o amor a Cristo como quem convive e fala com Ele de filho para mãe ou pai. É verdade que, por vezes com um pedacinho de medo (os castigos profetizados por alguns sacerdotes menos amorosos, a conveniência, a falta de informação…), mas sabia-se que a Cruz era o símbolo da casa, da família, da certeza numa Vida depois da vida física. Havia uma alma a cuidar dentro da gente; um anjo da guarda que velava pelas crianças; um descanso eterno para os que partiam. Hoje, por conta do que chamam “respeito pelas outras religiões”, vive-se na Terra e com toda a esperança na Terra. Mas, numa zona dura em que tudo é permitido. As regras encontram-se diluídas numa ética frouxa e numa moral duvidosa, as crianças e jovens são deixadas ao acaso nas grandes questões do espírito, as missas dominicais encontram-se vazias e os que têm nas mãos a possibilidade real de mostrar Cristo e a Sua palavra aos que se encontram do lado de fora não abrem as portas da Igreja fazendo sair para a rua cânticos alegres acompanhados de violas e outros instrumentos agradáveis ao ouvido. Chega-se ao cúmulo de sugerir que as pessoas vão em traje de passeio à IGREJA - o Templo de todos - para assistir ao lançamento de um livro e a um concerto “elegante”!!! Cabe-me perguntar: - será que um dia destes, ao chegar à Missa me vão indicar o lugar a que pertenço como plebeia porque as cadeiras antigas dos que pensam ser nobres - em conivência com os clérigos - estão seladas à espera dos donos??? Perante um cenário destes não podemos imputar todas as culpas a um Estado Laico ou, melhor dizendo, de conveniência laica. O maior trabalho a fazer cabe a quem se comprometeu com Cristo. Os sacerdotes, porque estão mais perto de nós. O Senhor Bispo a quem cabe pôr no seu lugar aqueles que, tendo prometido servir, tentam servir-se. Os Professores católicos. Os avós e pais. Todos os que lidam com o outro…porque os crentes são um universo sem fim. E o que fazer com as outras Religiões? Meus amigos, ao longo da minha vida de professora encontrei muitas famílias que me pediam para não ensinar Religião e Moral aos filhos. E eu aceitei isso como normal. Nunca tentei influenciar ninguém. É testemunha de Jeová? Muito bem. Vai para a sala de estudo enquanto nós falamos de Jesus. Não celebra o Natal? Tem um trabalho diferente para fazer nesta quadra. Um convite para conhecer um pouco de qualquer fé ou religião diferente? Vamos adquirir cultura e, quem sabe? Alguma ovelha do nosso rebanho fica encantada e segue outro caminho. O que não pode continuar a acontecer é esta forma de viver despida de regras, de moral, de muros que não se podem transpor. Todos temos que saber que há frutos proibidos, lugares onde não podemos ir, acções que não podemos praticar. E a liberdade do ser? O homem mais livre é o que sabe onde está e para onde quer ir; sem atropelar ninguém, com respeito pela propriedade do vizinho, com a consciência de que o outro tem um lugar que não pode ocupar, mas que o seu lugar também existe e é só para ele. E é possível alcançar as estrelas. As nossas, não as dos outros. Com muito trabalho, persistência e vendo a luz que não é mais do que a vocação que é distribuída a cada um em embrião para ser desenvolvida e transformada em arte. Volto a repetir, porque estou a escrever num Domingo: - Vamos à Missa receber a palavra de Jesus? E transmiti-la aos outros ao longo da semana. Na rua, nas redes sociais, nas SMS, num abraço mais caloroso perante uns olhos tristes. E voltemo-nos um pouco para o Céu, aquele antigo onde estava tudo o que precisávamos para a nossa serenidade pessoal e social.

por Maria Conceição Brasil




Nenhum comentário:

Postar um comentário